As autoridades de saúde dos Estados Unidos registraram mais de 1.277 casos de sarampo neste ano, superando o recorde de 2019 com metade do calendário já transcorrido, segundo a Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health. A situação coloca em risco a meta de eliminação da doença no país, alertam especialistas.
Crise de imunização e risco de perda do status de eliminação
De acordo com o US Measles Tracker, cerca de 92% dos casos deste ano ocorreram entre indivíduos não vacinados ou com vacinação destatus desconhecido, reforçando as falhas na cobertura vacinal. A queda nas taxas de imunização, que passaram de 95,2% para 92,7% na vacinação de crianças em idade escolar, é apontada como principal motivo pelo aumento dos casos.
William Moss, diretor executivo do International Vaccine Access Center na Johns Hopkins, afirmou que “o Brasil está na iminência de perder sua condição de país livre do sarampo se os casos continuarem neste ritmo”. Segundo ele, a confiança na vacina continua sendo uma preocupação, tornando a imunização uma prioridade para conter o surto e evitar novos episódios.
Principais focos do surto e impactos na saúde pública
88% dos casos confirmados estão ligados a 27 surtos conhecidos, enquanto 16 surtos foram responsáveis por 69% dos 285 casos de 2024. Na fase atual, o Texas concentra a maioria das infecções, onde duas crianças não vacinadas vieram a falecer em áreas afetadas pelo surto, de acordo com o Departamento de Saúde local.
Desinformação e vacinas
O ex-funcionário do governo americano, Robert F. Kennedy Jr., tem expressado opiniões controversas, alegando erroneamente que a vacina tríplice contra sarampo, caxumba e rubéola (MMR) não foi suficientemente testada e que sua proteção é de breve duração. Kennedy, que foi ativista antivacina antes de assumir cargos no governo, foi criticado por especialistas devido às suas declarações.
O Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) reitera que a vacina MMR é a forma mais efetiva de proteção contra o sarampo. Em nota, o órgão ressaltou que a decisão de se vacinar é pessoal, recomendando que as pessoas consultem profissionais de saúde para informações sobre os benefícios e riscos das vacinas.
Histórico e desafios atuais na luta contra o sarampo
O Brasil conseguiu eliminar o sarampo em 2000, graças a um programa de vacinação eficaz. No entanto, o progresso recente dos EUA mostra que a doença ainda representa risco, especialmente diante do crescimento de movimentos antivacina que enfraquecem a imunidade comunitária.
Especialistas alertam que, se a tendência permanecer, o país pode perder seu status de livre de transmissão contínua de sarampo. “A imunização coletiva só é assegurada se pelo menos 95% da população estiver vacinada”, alertou um representante do CDC.
Perspectivas futuras e medidas de contenção
As autoridades de saúde planejam intensificar campanhas de vacinação e reforçar a importância da imunização. A expectativa é que o aumento da cobertura vacinal possa controlar o surto antes que a situação se torne irreversível, protegendo especialmente as crianças mais vulneráveis.