Ao escalar os Alpes e venerar suas majestosas cimeiras, o alpinista Edoardo Ricci ora silenciosamente ao lado de Blessed Pier Giorgio Frassati, que será canonizado em breve pela Igreja Católica. Ricci relata que, durante uma avalanche, foi salvado graças à prece ao futuro santo, simbolizando a profunda conexão entre fé e aventura.
Frassati, o santo das alturas e da spiritualidade na montanha
Pier Giorgio Frassati, natural de Turim e falecido em 1925 aos 24 anos, será elevado à santidade, tornando-se patrono de escaladores, skiadores e amantes da natureza. Sua paixão pelos picos e sua busca pela “verso l’alto” — em direção às alturas — exemplificam sua dedicação à fé e ao servir aos outros.
Ricci, que atualmente pesquisa os itinerários alpinos de Frassati, destaca que o jovem foi um hábil alpinista, membro do Clube Alpino Italiano. “Ele conquistou montanhas como o Monte Grivola e o Grand Tournalin, contexts de grande dificuldade técnica e resistência”, explica Ricci. As viagens refletiam seu desejo de tocar o infinito e conectar-se com Deus na solidão das alturas.
As montanhas favoritas de Frassati
Entre suas conquistas está o Monte Grivola, de 13 mil pés, cuja ascensão ele comemorou com a inscrição “Grivola victa est”. Após o feito, Frassati escreveu uma carta em que expressa sua admiração pelo contato com a natureza e pela proximidade com o Criador.
Outro pico importante foi o Grand Tournarin, em que Frassati, com a ajuda de guia, conquistou o cume após dois dias de esforço. Sua paixão também o levou a escalar o Château des Dames, na região de Valtournenche, e a fazer trilhas próximas a sua casa em Pollone, onde admirava regularmente a vista do Monte Mucrone.

Frassati também era um skatista e esquiador apaixonado, frequentando as pistas do Vale de Susa. Ele combina sua paixão pelo esporte com uma profunda espiritualidade, refletida em sua rotina de orações mesmo nos momentos mais adversos.
Via Sacra nas montanhas e tradições pilgriminas
Além do esporte, Frassati realizou várias caminhadas de fé, como a subida ao Santuário de Oropa, onde rezava na Madona Negra. Sua criatividade para garantir o envolvimento na oração evidencia sua busca pelo contato íntimo com Deus, mesmo durante as aventuras físicas.
Para dimensionar sua vida de fé, a presidente da Frassati USA, Christine Wohar, relata que ele criou um “despertador” artesanal, com uma corda amarrada ao pulso que foi acionada pelos trabalhadores do jardim, garantindo sua chegada aos momentos de oração em silêncio na montanha.

A visita ao santuário e o caminhar pelas trilhas que levam até os picos representam atualmente uma expressão de devoção popular. O papa João Paulo II, em 1989, destacou sua experiência de fé nestas terras: “Que vocês, jovens, descubram o caminho a seguir, sob a proteção de Maria, para se aproximarem de Cristo.”
Superando desafios pessoais e espirituais
Apesar das aventuras, Frassati enfrentou dificuldades familiares e acadêmicas. Seu pai não apoiava suas escolhas e considerava seus estudos e sua prática religiosa desafiadores. Padre Luca Bertarelli explica que Frassati buscava na fé a força para superar obstáculos.
Seu lema, “Verso l’alto”, simboliza seu desejo de atingir o mais alto em espirituosidade, elevando-se não apenas às montanhas, mas à santidade — um convite para todos os fiéis seguirem seu exemplo de perseverança na busca do divino.