A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma taxação de 50% sobre produtos brasileiros, motivada por sua crença de que há uma perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro, gerou uma onda de reações negativas no Brasil. De acordo com uma pesquisa da Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 72% da população brasileira considera a medida errada.
Descontentamento majoritário com atitude de Trump
Conforme os dados da pesquisa, apenas 19% dos entrevistados respaldam a decisão de Trump, enquanto 9% não souberam ou não quiseram opinar. A pesquisa foi realizada com 2.004 brasileiros entre 10 e 14 de julho, tendo uma margem de erro de 2 pontos percentuais e um nível de confiança de 95%.
Em sua carta publicada na rede social Truth Social, Trump afirmou que o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Bolsonaro, devido a supostas ligações com uma tentativa de golpe, “não deveria estar acontecendo”. A declaração ressalta a percepção de Trump sobre a situação política no Brasil e sua disposição de se envolver no debate.
A crítica de Trump e o apoio à defesa do Brasil
Além da taxação, Trump também criticou o Brasil por seus “ataques insidiosos às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos”, fazendo referência a uma alegada “censura” direcionada às Big Techs americanas. Essa visão é rebatida por 57% dos brasileiros, que acreditam que Trump não tem “direito” de criticar o processo judicial que envolve Bolsonaro. Apenas 36% entendem que ele pode expressar suas críticas, enquanto 7% se mostraram indecisos.
Divisão de opiniões sobre a resposta do governo brasileiro
A reação do governo brasileiro à tarifa imposta por Trump também gerou opiniões divididas. Enquanto 44% dos brasileiros consideram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT estão agindo corretamente ao se opor à medida americana, 29% acreditam que Bolsonaro e seus aliados estão fazendo o certo. Essa divisão reflete o clima político fragmentado no país.
Em resposta à ameaça tarifária, o governo brasileiro sancionou recentemente a Lei da Reciprocidade, que permite a adoção de medidas equivalentes em resposta às imposições de outros países. O presidente Lula também classificou as declarações de Trump como “desrespeitosas”, afirmando que a diplomacia não deve ser substituída por postagens nas redes sociais.
Apoio a uma união contra a tarifação
Uma parte significativa da população brasileira defende que é necessário unir forças contra a taxa imposta por Trump. A pesquisa mostrou que 74% dos apoiadores de Bolsonaro consideram que há necessidade de uma colaboração entre o governo e a oposição. Essa posição é compartilhada por 84% da população em geral, que acredita que essa união é a abordagem correta frente à tarifa americana. Apenas 9% se opõem a essa ideia, enquanto 5% não sabem ou não responderam.
Considerações finais
O clima tenso entre Brasil e Estados Unidos, exacerbado pela decisão de Trump, coloca à prova as relações bilaterais. A busca por um diálogo pacífico parece ser a prioridade do governo brasileiro, que instaurou um comitê interministerial para dialogar com empresários do setor privado e buscar alternativas para lidar com a situação. Diante desse quadro, a resposta brasileira continua focada na defesa da soberania e nas relações diplomáticas.
O cenário atual exemplifica como desavenças políticas podem ter repercussões econômicas e diplomáticas significativas, desafiando líderes a navegarem em um mar de opiniões divergentes e a buscarem soluções que integrem esforços tanto do governo quanto da sociedade. A capacidade de resposta e a resistência da população diante das adversidades serão cruciais para o futuro dessas relações.