Brasil, 17 de julho de 2025
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PSol representa contra deputado por quebra de decoro parlamentar

O PSol acionou o Conselho de Ética contra o deputado Sargento Fahur após comentários violentos em sessão da Câmara.

O Partido Socialismo e Liberdade (PSol) protocolou nesta quarta-feira (16/7) uma representação contra o deputado federal Sargento Fahur (PSD-PR) no Conselho de Ética. O motivo? Uma afirmação realizada por Fahur durante uma sessão da Comissão de Segurança Pública que foi considerada uma violação do decoro parlamentar. O deputado disse que gostaria de ser “o policial que bate” se houvesse um filme em que o Pastor Henrique Vieira, deputado do PSol do Rio de Janeiro, fosse agredido.

Fala polêmica e repercussão

A declaração de Fahur ocorreu na terça-feira (15/7), enquanto a comissão discutia um projeto para proibir a existência de estabelecimentos comerciais dentro de presídios. O deputado Alberto Fraga (PL-DF) havia feito uma referência ao filme “Marighella” (2019), no qual o Pastor Henrique Vieira atua. Fraga comentou que, após assistir a uma cena em que o personagem, que representa um frei dominicano, é torturado por policiais, “não parou de rir”. Essas falas desencadearam a declaração controversa de Fahur.

“Eu estava em casa e não parei de rir, pastor Henrique. Como é que pode, o pastor ser ator do filme Marighella e, no filme, o personagem que ele exerce sofre nos tempos do DOI-CODI. Leva bastante cacetada da polícia e é obrigado a fazer uma delação (…). trouxe aqui e recomendo que assistam”, disse Fraga. A partir desse momento, o Pastor Henrique Vieira se manifestou e pediu a palavra, mas foi interrompido por Fahur.

A resposta de Henrique Vieira

Após a afirmação de Fahur, o deputado do PSol teve a oportunidade de se manifestar. Ele não poupou críticas ao colega, afirmando que a fala de Fahur era “absurda e violenta”. Vieira chamou a atenção para o caráter pessoal da declaração, que, segundo ele, não tinha relação com a discussão política em pauta. “A fala reveste-se de inaceitável carga ofensiva, com uma ameaça velada”, argumentou. Ele enfatizou que a intenção da fala de Fahur era clara e desrespeitosa.

O clima na comissão ficou tenso quando Fahur interrompeu Vieira e alegou que ele “detesta” ouvir o deputado de esquerda falar, insistindo que seu comentário tinha sido feito de maneira leve e não ofensiva.

Contexto histórico e político

A referência ao filme “Marighella” não é à toa. O longa-metragem retrata a vida de Carlos Marighella, um político e militante que combateu a ditadura militar brasileira. O filme é considerado uma obra sensível que revive um período conturbado da história do Brasil, o que torna ainda mais desastrosa a insensibilidade de comentários que trivializam a violência. Estar em uma discussão sobre segurança pública enquanto faz referências a esse tipo de violência é uma tarefa complexa que muitos dos envolvidos na política atual não conseguem navegar com segurança.

Justificativa do Sargento Fahur

Pelo lado do deputado Fahur, ele tentou justificar seus comentários ao Metrópoles, afirmando que suas palavras foram uma “brincadeira”. “Achei que seria tranquila a brincadeira e em nenhum momento tive qualquer intenção de ameaçar ou ofender o pastor”, defendeu. Ele indicou que estava apenas “entrando no clima” das falas anteriores e ficou surpreso com a repercussão negativa.

Sobre a representação do PSol, Fahur afirmou que isso é um “direito” do partido e que respeita a decisão do mesmo de levá-lo ao Conselho de Ética. Contudo, sua explicação não parece ter diminuído a gravidade que muitos colegas atribuíram aos seus comentários.

Implicações futuras

O caso gerou uma série de discussões nas redes sociais, levando a público interesses e perspectivas contrastantes sobre a liberdade de expressão e o respeito no meio político. As ações do PSol podem abrir um precedente para que mais casos de desrespeito ou agressões verbais sejam discutidos em fóruns formais, mas também levantam questões sobre como o humor e a “brincadeira” são percebidos no âmbito político, especialmente quando envolvem temas sensíveis como a violência.

A avaliação do Conselho de Ética será determinante para estabelecer se o deputado Fahur irá enfrentar consequências por suas declarações. A situação evidencia a necessidade de um debate mais amplo sobre o comportamento dos representantes políticos e o tratamento a figuras públicas, além da urgência em tratar o respeito e a civilidade como princípios basilares na política brasileira.

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