A Avibras, uma das principais indústrias bélicas do Brasil, enfrentou um revés significativo em seu processo de recuperação judicial. O plano alternativo apresentado pela empresa foi suspenso pela Justiça de São Paulo, resultando em novas incertezas para seus mais de 900 funcionários que aguardam a regularização de salários atrasados. Este desdobramento ocorre em um contexto em que a Avibras já está parada há dois anos devido a dificuldades financeiras.
Detalhes da suspensão do plano
A decisão de suspender o plano alternativo de recuperação judicial foi proferida pelo desembargador Jorge Tosta, na terça-feira (15), e permanece válida até que haja um julgamento do mérito no tribunal. O plano, que havia sido aprovado em assembleia com credores e homologado pela Justiça, foi contestado pelo Banco Fibra, um dos credores, que alegou irregularidades processuais.
O efeito suspensivo, inicialmente concedido no dia 2 de julho, foi reforçado nesta decisão. O desembargador ressaltou que a validade da deliberação que resultou na aprovação do plano é uma questão central que precisa ser discutida no tribunal.
Reações ao julgamento
O Sindicato dos Metalúrgicos declarou descontentamento com a suspensão e prometeu seguir lutando pela resolução da situação. Em nota, o sindicato afirmou que a decisão representa um retrocesso nas possibilidades de restabelecimento das atividades da Avibras e destacou a gravidade da situação: “A fábrica está parada há dois anos e deve 27 salários para mais de 900 trabalhadores”, comentou.
Histórico e desafios financeiros da Avibras
A Avibras Aeroespacial, fundada em 1961 e localizada em Jacareí, São Paulo, é a maior indústria bélica do Brasil e um dos pioneiros no setor aeroespacial nacional. Com uma história de inovações e desenvolvimento tecnológico, a empresa enfrenta atualmente uma crise financeira severa, com dívidas estimadas em cerca de R$ 600 milhões.
Desde março de 2022, a empresa tem buscado recuperação judicial e, após uma longa paralisação de suas atividades, o plano alternativo foi homologado em junho de 2023. No entanto, mesmo com a homologação, a situação se voltou a complicar após a contestação do plano por um dos credores.
Expectativas para os trabalhadores
O plano alternativo de recuperação previa ações que poderiam ter apoiado a volta dos trabalhadores às suas funções, incluindo um parcelamento de 48 meses para o pagamento dos salários atrasados. Entretanto, a nova suspensão adia estas perspectivas, mantendo os funcionários em uma situação de incerteza e insatisfação. Muitos deles não recebem salários há mais de 25 meses, resultado de atrasos que já se tornaram rotina na empresa.
Próximos passos e implicações
Agora, a espera pela decisão de mérito se torna crucial, não apenas para a Avibras, mas principalmente para os seus trabalhadores, que vivem a expectativa de ver suas condições salariais regularizadas. A continuação das negociações e a evolução do litígio determinarão o futuro da gigante da defesa no Brasil.
O panorama se torna ainda mais complicado com os rumores de novas propostas de aquisição pendentes e a necessidade urgente de estabilização da empresa. A situação da Avibras é um reflexo da vulnerabilidade de muitas indústrias no Brasil diante de crises econômicas e desafios estruturais que afetam diretamente a mão de obra e o cenário industrial do país.
A Avibras, além de ser uma importante fornecedora para as Forças Armadas, representa um marco no desenvolvimento tecnológico brasileiro, sendo fundamental acompanhar como os desdobramentos legais afetarão sua reestruturação e a manutenção dos empregos de seus colaboradores. A comunidade e as autoridades precisam se mobilizar para garantir que esta situação seja resolvida da melhor forma e mais rapidamente possível.