O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) demonstrou apoio ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em meio a uma onda de críticas direcionadas ao governador por sua postura em relação às tarifas de 50% impostas pelo governo dos Estados Unidos às exportações brasileiras. Durante uma entrevista à GloboNews nesta quarta-feira (16/7), Mourão analisou a situação e sugeriu que, à medida que Tarcísio ganha destaque no cenário político, ele deverá se acostumar a ser alvo de críticas e ataques.
A reação de Mourão às críticas
Mourão afirmou que a nova visibilidade política de Tarcísio o torna mais suscetível a críticas. “É aquela história: o macaco que muito se mexe, ele leva chumbo. O Tarcísio tem que se acostumar, que ele está em evidência e tem que tomar cuidado com algumas coisas”, ressaltou. O ex-vice-presidente de Jair Bolsonaro acrescentou que as críticas são uma parte natural do jogo político, especialmente para quem se posiciona como uma figura viável em futuras eleições. “A partir do momento que a figura do Tarcísio emerge como alguém viável, ele vai ser torpedeado”, disse.
A polêmica das tarifas e a postura de Tarcísio
A fala de Mourão ocorre em meio à controvérsia envolvendo a atuação de Tarcísio diante da crise gerada pelas tarifas anunciadas pelo governo de Donald Trump. O governador foi criticado, inclusive entre seus próprios apoiadores bolsonaristas, após ser visto usando um boné com o slogan “Make America Great Again”. Mourão minimizou a controvérsia, destacando que o slogan é comum entre a direita brasileira e não considera que isso represente uma postura antinacionalista.
- O Estado de São Paulo, como um dos maiores exportadores do Brasil, é visto como o mais afetado pelas tarifas de Trump. Após o anúncio, Tarcísio responsabilizou a diplomacia do governo de Luiz Inácio Lula da Silva pela decisão, ignorando, no entanto, referências feitas por Trump sobre a situação política do Brasil, que envolve processos judiciais com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
- A postura de Tarcísio, que se coloca como potencial adversário de Lula nas eleições de 2026, foi alvo de críticas por parte da base lulista, que o chama de “vira-lata” e questioned sua capacidade de defender os interesses do Estado.
- Diante das críticas, a imagem de Tarcísio com o boné de Trump e seu apoio a postagens do ex-presidente foram amplamente resgatadas por opositores.
Impactos econômicos e avaliação das tarifas
Preocupações sobre os efeitos das tarifas de Trump já eram evidentes antes mesmo do anúncio. Em abril, a Secretaria da Fazenda de São Paulo (Sefaz) alertou sobre a “alta volatilidade” do cenário internacional e os riscos que isso poderia representar para a economia do Estado. Apesar de o ICMS não incidir sobre exportações, este cenário impacta a arrecadação e a atividade econômica de várias regiões produtivas.
O documento da Sefaz, aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) no início de julho, enfatiza que as flutuações econômicas globais afetam diretamente a economia paulista, principalmente sua base industrial, que é vital para o crescimento e a geração de empregos no Estado.
Mudança de discurso e busca por diálogo
Após enfrentar diversas críticas, Tarcísio adotou uma postura mais conciliadora, buscando diálogo com autoridades dos Estados Unidos. Em uma visita a Brasília, se reuniu com Jair Bolsonaro e começou a defender uma solução negociada para os impactos econômicos das tarifas. “A diplomacia brasileira, ao longo dos anos, sempre se saiu muito bem. A gente, obviamente, está tentando nutrir a embaixada dos Estados Unidos de mais informações”, afirmou.
Tarcísio enfatizou a importância de preservar os interesses do Estado e dos cidadãos. “Eu sou governador do estado, existem interesses que precisam ser preservados, interesses das nossas empresas, dos nossos produtores, e é isso que a gente tem que botar em primeiro lugar. Estou falando de empregos, estou falando de pais de família”, declarou.
Defendendo a união e um futuro sustentável
Apesar de ter anteriormente atribuído parte da responsabilidade pela crise às ações do governo Lula, Tarcísio agora defende uma união maior entre as partes envolvidas, destacando que o momento demanda uma aproximação de esforços. “O momento demanda união de esforços e sinergia, porque é algo complicado para o Brasil e para alguns segmentos da nossa indústria, do nosso agronegócio. Precisamos estar de mãos dadas agora para resolver”, concluiu.
À medida que o cenário político e econômico evolui, o desfecho desta história pode ter grandes implicações para o futuro de São Paulo e do Brasil.