A Fundação Ambrosoli se destaca por seu compromisso em erradicar o estigma da deficiência e promover uma vida digna para todos, especialmente os mais necessitados. A presidente da fundação, Giovanna Ambrosoli, sobrinha do beato Giuseppe Ambrosoli, compartilhou suas experiências e desafios na luta por inclusão e dignidade, em uma recente entrevista à imprensa vaticana.
Uma obra inspirada no beato Ambrosoli
O beato Giuseppe Ambrosoli, médico e missionário comboniano, deixou um legado imensurável em Uganda, onde atuou no hospital de Kalongo entre 1959 e 1987. Sua dedicação e amor pelo próximo continuam a inspirar a Fundação Ambrosoli, que atende a milhares de pessoas todos os anos. “É difícil, em situações como essa, definir os limites com a ciência”, diz Giovanna. “Acredito que essa descoberta recente, onde um favo de mel foi encontrado em seu túmulo, é um sinal da diligência que ele nos deixou.”
Seu legado é refletido na atuação da fundação, que busca atender as necessidades básicas e promover a dignidade dos mais vulneráveis. Com uma abordagem centrada na empatia, a instituição mira na construção de um futuro melhor para as próximas gerações de ugandenses.
Ninguém é deixado sozinho
Anualmente, o hospital de Kalongo realiza mais de 50 mil atendimentos, com destaque para mulheres e crianças. A escola de obstetrícia, que leva o nome do beato, prepara novos profissionais que contribuem para reduzir a mortalidade materna e infantil na região. Nos últimos três anos, a fundação também iniciou um projeto chamado “Você não está sozinho”, com foco na inclusão de pessoas com deficiência, contando com o financiamento da Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento.
De acordo com o censo de 2014, 12,5% da população de Uganda apresenta algum tipo de deficiência. No distrito de Agago, onde Kalongo está localizado, cerca de 22% da população possui alguma forma de deficiência. Este cenário exige uma atenção especial e ações concretas da fundação para oferecer apoio e tratamento.
O estigma da deficiência
Giovanna Ambrosoli destaca que a deficiência ainda carrega um forte estigma em muitas comunidades, levando à marginalização de indivíduos afetados. O projeto da fundação visa enfrentar essa realidade em áreas como deficiência mental, oftalmológica e neuromotora, promovendo um modelo de intervenção efetiva. “A deficiência muitas vezes invisível ainda é uma fonte de marginalização social”, diz ela. “Hoje, a situação está mudando lentamente.”
Um aspecto notável do projeto é a criação de uma clínica oftalmológica no hospital, que já realizou milhares de exames e cirurgias oculares, em colaboração com parceiros locais e internacionais. “A saúde ocular é frequentemente negligenciada, mas estamos fazendo a diferença”, afirma Giovanna.
Conscientização e prevenção
A fundação também estabeleceu um centro de fisioterapia, onde pacientes recebem tratamento para deficiências ortopédicas e neuromotoras. Além disso, oferecem suporte psicológico e psiquiátrico a pessoas em situações de vulnerabilidade. No distrito de Agago, onde taxas de suicídio são alarmantes devido a traumas da guerra civil, a fundação tem se mostrado eficaz. Em 2024, 1.597 pacientes com transtornos psiquiátricos foram tratados, e a taxa de mortalidade em tentativas de suicídio diminuiu drasticamente.
As iniciativas de conscientização, que utilizam rádios locais e eventos comunitários, têm sido fundamentais para combater o estigma e informar as comunidades sobre a importância do diagnóstico e tratamento. Giovanna finaliza: “Estamos ampliando nosso compromisso, documentando o que significa viver com uma deficiência em um contexto rural africano. Continuamos seguindo o exemplo do padre Giuseppe, sempre ao lado de quem mais precisa.”
Com essa abordagem, a Fundação Ambrosoli busca não apenas tratar, mas transformar vidas, construindo um futuro onde a dignidade e o respeito sejam universais, independentemente da condição de cada um.
Saiba mais sobre a Fundação Ambrosoli e suas iniciativas em Vatican News.