A suspensão das operações da Usina Santa Elisa, localizada em Sertãozinho, São Paulo, pegou de surpresa cerca de dois mil trabalhadores da unidade. Anunciada pela Raízen, a decisão gerou preocupação não só entre os funcionários, mas também em toda a comunidade local, diante dos possíveis impactos econômicos e sociais que virão com o fechamento.
Impacto imediato sobre os trabalhadores
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Açúcar estima que o fechamento da usina afetará diretamente os funcionários de Sertãozinho. Além disso, colaboradores de cidades vizinhas, como Pontal, Barrinha e Pitangueiras, também sentirão as consequências. O sindicato já começou a negociar com a Raízen um plano de rescisão para minimizar os impactos sobre os trabalhadores afetados.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o desânimo de muitos trabalhadores após o anúncio. Embora o movimento na usina tenha diminuído, ainda era possível ver pessoas entrando e saindo no dia seguinte. A sensação de incerteza permeia o ar, e muitos se perguntam quais serão os próximos passos.
Decisão da Raízen e o futuro da usina
De acordo com um comunicado oficial da Raízen, a suspensão das operações faz parte de uma “estratégia de reciclagem de portfólio”, sem previsão de quando as atividades poderão ser retomadas. Além do fechamento da Usina Santa Elisa, a empresa está vendendo ativos e já negociou quase quatro milhões de toneladas de cana-de-açúcar por cerca de R$ 1 bilhão, destinando a quantia para a redução de suas dívidas, cujo valor total não foi divulgado.
A Usina Santa Elisa, que possui capacidade de moagem de 6 milhões de toneladas de cana e opera uma vasta área de 36 mil hectares, pode sofrer uma mudança drástica em sua função dentro da comunidade, considerando que foi uma das principais responsáveis pelo desenvolvimento do setor sucroenergético na região desde sua fundação em 1936.
Reação do sindicato e apoio da prefeitura
Antônio Vitor, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Açúcar, expressou sua decepção com a decisão da Raízen: “Fomos surpreendidos com a decisão da Raízen. A sensação é de muita angústia”. Ele ressaltou a necessidade urgente de um pacote de benefícios para os trabalhadores demitidos, buscando alívio para uma situação que classificou como uma “tragédia sem explicação” para a cidade.
Em resposta à crise, a prefeitura de Sertãozinho, através do Secretário de Desenvolvimento e Inovação, Paulo Roberto Gallo, anunciou um plano de apoio aos desempregados, esperando acolher cerca de 200 trabalhadores que residem na cidade. Entre as iniciativas mencionadas, estão a requalificação profissional e a busca por empresas dispostas a absorver essa mão de obra. Gallo enfatizou que a administração municipal trabalhará em colaboração com a iniciativa privada local para facilitar a recolocação.
Impactos mais amplos na economia local
Além das demissões diretas, o fechamento da Usina Santa Elisa pode causar um efeito cascata, impactando indireta e diretamente fornecedores e prestadores de serviços na região. José Carlos de Lima Júnior, consultor em agronegócio, destacou que os pequenos fornecedores também enfrentarão dificuldades, embora não haja previsão de escassez de cana, açúcar ou etanol devido ao redirecionamento da produção. “A cana que seria moída na usina será enviada para outras indústrias, minimizando o impacto na oferta”, explicou Lima.
Expectativas e próximos passos
À medida que a região de Sertãozinho enfrenta essa crise econômica, a expectativa é de que as medidas de apoio da prefeitura e do sindicato possam, ao menos, aliviar a situação dos trabalhadores demitidos. Todos aguardam agora por uma solução viável que possa mitigar os danos e garantir que a cidade continue a prosperar, apesar do fechamento de uma de suas principais indústrias.
Diante do cenário atual, a comunidade se une em busca de alternativas e esperanças, reafirmando sua resiliência e a necessidade de um plano de recuperação robusto. O futuro da Usina Santa Elisa e da economia de Sertãozinho agora depende de ações coletivas e efetivas que possam trazer de volta a estabilidade e o crescimento à região.