Brasil, 16 de julho de 2025
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Estratégia coordenada da esquerda se destaca nas redes sociais

Análise revela como perfis automatizados reforçam críticas a Trump e Bolsonaro após tarifas.

Nas últimas semanas, o cenário político brasileiro ganhou novos contornos nas redes sociais, especialmente na plataforma X (anteriormente conhecida como Twitter), com uma mobilização crítica organizada principalmente por perfis de esquerda com poucos seguidores e indícios de comportamento automatizado. A análise realizada pelo jornal O Globo, utilizando dados da ferramenta de monitoramento Brandwatch, revela que aproximadamente um terço das 1,6 milhão de postagens relacionadas ao conceito “Bolsonaro taxou o Brasil” originou-se de um número restrito de contas, destacando uma estratégia de mobilização potencialmente coordenada.

A mobilização crítica contra Bolsonaro e Trump

De acordo com os dados, um total de 149 mil contas foi analisado entre os dias 9 e 14 de julho, das quais cerca de mil perfis foram responsáveis por 31% de todo o conteúdo relacionado ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no período, totalizando cerca de 500 mil postagens. Este fenômeno mostra uma preocupação da esquerda em se contrabalançar frente ao crescente discurso conservador e o impacto que as declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro e do presidente americano Donald Trump têm na opinião pública.

Um dos perfis mais ativos durante esse período, identificado como Gilson Araújo (@GilsonAraj90635), exemplifica o modelo de comportamento automatizado, uma estratégia que nos últimos anos foi frequentemente associada a movimentos apoiados por Bolsonaro. Essa conta, que possui apenas 169 seguidores, atingiu impressionantes 20 postagens por minuto na tarde de uma sexta-feira, replicando incessantemente a hashtag “Bolsonaro taxou o Brasil”, acusando o ex-presidente de responsabilidade pela implementação de tarifas sobre produtos brasileiros.

Uma nova abordagem da esquerda nas redes sociais

A proposta da esquerda de criar uma rede de apoio, exemplificada pela iniciativa “Clube de Influência” vinculada ao PT, tem por objetivo mobilizar influenciadores e simpatizantes a adotarem uma postura mais proativa. Segundo informações obtidas pelo O Estado de S. Paulo, esta rede conta com a colaboração de integrantes do Instituto Lula, da Fundação Perseu Abramo e de sindicatos, destacando a intenção de organizar uma resposta coerente e eficaz às narrativas adversárias predominantes nas redes.

Os leads da campanha foram discutidos em grupos de WhatsApp, onde foi promovido o uso da tática de hashtags para manter a pauta política em evidência e derrotar os argumentos da oposição. As orientações para o uso da expressão “Bolsonaro taxou o Brasil” foram dadas em meio a um clima de urgência, com as postagens rapidamente surgindo nas contas alinhadas à esquerda.

A repercussão e a dinâmica nas redes sociais

A eficácia desta abordagem pode ser observada quando, menos de uma hora após a promoção da hashtag, o termo tornou-se uma das principais tendências na plataforma X, um marco significativo que foi comemorado pelos membros do grupo de WhatsApp. Essa estratégia foi também replicada por várias contas que, de forma semelhante a um robô, distribui conteúdo a uma velocidade alarmante, como evidenciado por outra conta, identificada como @OveinhoT78336, que obteve 3.335 postagens na semana, com uma média de 27 publicações por minuto.

A maneira como as postagens foram orquestradas contrasta com as dinâmicas anteriores observadas em outros momentos políticos, quando a esquerda frequentemente respondia a ataques e críticas em vez de se antecipar às narrativas de seus adversários. O professor Marco Aurélio Ruediger, diretor da Escola de Comunicação da Fundação Getulio Vargas, apontou que essa nova abordagem representa um esforço da esquerda para reposicionar sua presença e narrativa nas redes sociais, algo que pode ser crucial em um momento em que as pautas da oposição estão bem presentes na discussão pública.

Impactos na percepção pública

Esta mobilização coordenada não só parece aumentar a relevância das discussões políticas como também cria uma percepção de que houve convergência entre o governo e suas bases de apoio. A professora Letícia Capone, do Instituto Democracia em Xeque, enfatiza que o movimento em torno das hashtags pode sugerir que a esquerda e o governo estão mais alinhados com o que é discutido na esfera pública, o que tem o potencial de impactar a maneira como a população percebe o campo político.

Em resumo, a recente movimentação nas redes sociais, com o uso coordenado de perfis e postagens estratégicas, marca um novo capítulo na forma como a esquerda se posiciona diante de desafios políticos contemporâneos, apresentando uma resistência mais estruturada e dinâmica. O desdobramento desses movimentos se tornará um fator chave nas próximas etapas de interação política e social no Brasil.

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