Pouco mais de um ano antes de Donald Trump retomar discursos punitivos contra o Pix brasileiro, a própria embaixada dos Estados Unidos no Brasil já havia adotado a tecnologia como uma inovação. Desde março de 2024, o órgão passou a aceitar o Pix como forma de pagamento da taxa de solicitação de visto (MRV).
O reconhecimento do Pix como inovação
Na ocasião, a embaixada americana descreveu a medida como parte do compromisso de aprimorar os serviços aos solicitantes de visto. “Esta inovação faz parte do nosso compromisso de melhorar constantemente os processos”, afirmou a representação diplomática no Brasil. Mesmo com a mudança, o uso do Pix se consolidou, tornando-se uma rotina para brasileiros interessados em vistos americanos.
O aumento nas transferências e a nova taxa
Desde então, mesmo com a chegada de Donald Trump ao governo dos EUA, os brasileiros continuam efetuando transferências via Pix à embaixada. Além disso, o governo americano anunciou uma nova taxa que elevará em 148% o valor para emissão de vistos, o que deverá gerar volumes ainda maiores de transferências.
Investigações sobre práticas comerciais desleais
O Pix foi mencionado em um documento do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), que o colocou como alvo de uma investigação por supostas práticas comerciais desleais. Segundo o relatório, o Brasil estaria favorecendo sistemas de pagamento desenvolvidos pelo próprio governo, como o Pix, em detrimento de soluções de empresas americanas, como Google Pay e Apple Pay.
Conflito em disputa comercial
O governo dos EUA considera que o favoritismo do sistema brasileiro viola princípios de livre concorrência e prejudica companhias de tecnologia americanas, alimentando tensões na disputa comercial entre os dois países. Analistas avaliam que a adoção do Pix pela embaixada mostrou uma postura de inovação por parte do Brasil, mesmo em meio às críticas e investigações.
Perspectivas futuras
Com o aumento das tarifas e a investigação oficial, a relação entre o uso do Pix e as políticas comerciais dos EUA deve continuar a gerar debates. Especialistas alertam que o cenário pode evoluir para uma piora das tensões diplomáticas, mas também destacam a importância do sistema brasileiro como símbolo de autonomia tecnológica.