A deputada licenciada Carla Zambelli do Partido Liberal (PL-SP) está foragida na Itália desde junho e foi incluída no alerta de difusão vermelha da Interpol como procurada internacional. Segundo seu advogado, Fábio Pagnozzi, a deputada continua em solo italiano e não tem planos de retornar ao Brasil. A situação de Zambelli levanta questões legais e políticas importantes, especialmente em relação à extradição e ao funcionamento do sistema judiciário italiano.
Contexto da fugição e pedido de extradição
A deputada fugiu do Brasil em 25 de maio, atravessando a fronteira com a Argentina por Foz do Iguaçu, onde não há controles migratórios. Seu nome entrou para a lista vermelha da Interpol apenas em junho, após ser condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) devido ao envolvimento na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) junto com o hacker Walter Delgatti. Essa condenação também resultou na perda do seu mandato e na inelegibilidade por um período de oito anos.
Entraves legais na Itália para a extradição
O pedido de extradição da deputada foi formalizado pelo ministro Alexandre de Moraes do STF e entregue ao Ministério da Justiça da Itália. Contudo, apesar de sua inclusão na lista da Interpol, Zambelli não foi capturada porque a Justiça italiana ainda não autorizou sua prisão. De acordo com práticas judiciais da Itália, um brasileiro com cidadania italiana não pode ser preso apenas por um mandado de outro país, sendo necessária uma ordem judicial local.
Parece que o processo judicial na Itália é lento. Fontes que acompanham o caso relataram que não há um prazo definido para que a Justiça italiana analise o pedido de extradição brasileiro. Zambelli, por sua vez, planeja requerer que caso seja extraditada, cumpra sua pena na Itália, dada sua cidadania.
Condições de segurança para Zambelli na Itália
Embora sua situação pareça confortável por estar em um país onde ela tem cidadania, a deputada não é procurada pela polícia italiana, mas apenas pela Interpol. Como a difusão vermelha da Interpol só é automaticamente cumprida se ela cruzar uma fronteira, a expectativa é que Zambelli permaneça na Itália, evitando sair do país.
Implicações políticas e sociais do caso
A escapada de Zambelli representa um desafio tanto para as autoridades brasileiras quanto para o governo italiano. A deputada foi um dos rostos da resistência bolsonarista e sua localização e ações têm repercussões significativas dentro do cenário político atual, incluindo a relação entre os dois países.
A situação de Zambelli também levanta questionamentos sobre o cumprimento de penas e processos judiciais internacionais. Há exemplos de brasileiros com cidadania italiana que foram extraditados, como o ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, que ficou fora do Brasil por um ano antes de ser capturado. O trâmite judicial para a extradição pode ser longo, e mesmo que Zambelli seja capturada, ela poderá solicitar o cumprimento da pena na Itália, prolongando ainda mais a resolução de seu caso.
Repercussão e reações
Nenhuma declaração oficial foi feita até o momento pelo Itamaraty ou pelo Ministério da Justiça sobre o andamento do caso de Zambelli. As autoridades permanecem sob pressão, dado o envolvimento de uma figura pública em um escândalo dessa magnitude.
Enquanto isso, o advogado de Zambelli, Fábio Pagnozzi, continuou a insistir que a deputada não está em dívida com a Justiça italiana, apenas enfrentando um processo que envolve questões complexas entre soberanias e cidadanias. Essa história promete evoluir, com implicações para o cenário político brasileiro e a dinâmica das leis internacionais.
Por fim, a situação atual de Carla Zambelli não é apenas uma questão legal, mas também um reflexo das interações da política brasileira em um contexto global, onde a justiça, a cidadania e os direitos estão em constante avaliação e debate.