Brasil, 16 de julho de 2025
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Caixa lança plataforma de apostas esportivas online e amplia atuação no setor

A Caixa Econômica Federal planeja lançar uma plataforma própria de apostas esportivas digitais, buscando novas fontes de receita diante da queda na loteria

A Caixa Econômica Federal anunciou nesta semana que lançará em breve uma plataforma própria de jogo esportivo on-line (bet), uma estratégia que pode ampliar a sua atuação no setor de apostas digitais. A iniciativa reflete, possivelmente, a busca por novas receitas, uma vez que o rendimento da loteria caiu 10% neste primeiro trimestre, sinalizando uma redução do interesse do público nesse tipo de jogo.

O impacto da aposta esportiva na estratégia financeira da Caixa

De acordo com o presidente da Caixa, Carlos Vieira, o objetivo principal não é o lucro imediato, mas fortalecer a atuação em um mercado em crescimento, mesmo com os riscos associados. “Avançar no mercado de apostas pode fazer sentido para os negócios, mas é necessário ponderar a sua relação com a missão de um banco público”, afirmou Vieira em entrevista à Folha. Segundo ele, a prioridade é cumprir o papel social da instituição, oferecendo crédito a segmentos considerados de maior risco ou baixa rentabilidade, como microempresas e famílias de renda moderada.

Incertezas e questionamentos sobre a nova plataforma

Embora o projeto possa gerar receitas adicionais, especialistas questionam a compatibilidade do empreendimento com a missão de um banco público. A atuação em apostas esportivas, que têm potencial de causar problemas financeiros e de saúde pública, contrasta com a responsabilidade social que a Caixa deveria priorizar.

Dados do Banco Central mostram que, de janeiro a março de 2025, as apostas esportivas movimentaram cerca de R$30 bilhões por mês, com aproximadamente 24 milhões de participantes no Brasil. Entre os beneficiários do Bolsa Família, 17% relataram fazer apostas, com 38% de quem ganha até dois salários mínimos apostando na modalidade. Além disso, uma pesquisa da Unifesp revelou que 10,9 milhões de brasileiros usam apostas de risco de forma perigosa, representando uma preocupação de saúde pública.

Discussões sobre regulação e riscos do setor

Especialistas alertam para o aumento do risco de problemas sociais e financeiros advindos do crescimento do mercado de apostas online. Estudos internacionais, como o de Scott Baker e Justin Balthrop, demonstram que as apostas esportivas nos EUA prejudicam principalmente a saúde financeira das famílias vulneráveis, ao reduzir a poupança e elevar o endividamento, especialmente pelos gastos com cartão de crédito, que foi proibido no Brasil em outubro de 2024.

A intensificação da atuação da Caixa no setor de apostas também levanta preocupações em relação à regulação do mercado, visto que outros países vêm adotando controles mais rígidos. No entanto, avançar nesse segmento para gerar mais receitas contrasta com a necessidade de promover jogo responsável e evitar efeitos adversos à população.

Perspectivas e controvérsias

Embora a iniciativa possa gerar ganhos para o banco, há um debate sobre sua compatibilidade com o papel social de uma instituição pública. A busca por ampliação de dividendos ao Tesouro, já evidenciada na redução dos pagamentos ao governo nos últimos anos, reforça a discussão sobre os limites desse tipo de estratégia.

Analistas defendem que os recursos provenientes do setor de apostas, assim como das loterias, deveriam continuar a financiar áreas essenciais como seguridade social, segurança pública e esportes, em vez de serem utilizados para ampliar atividades que podem afetar a saúde financeira e mental da população. A realização de apostas esportivas, sem uma adequada regulação e política de jogo responsável, apresenta riscos que o banco público deveria evitar.

A proposta da Caixa suscita uma reflexão sobre os limites de sua atuação no mercado de apostas e os efeitos sociais de ampliar esse tipo de negócio, especialmente em um contexto de crescente preocupação com o impacto do jogo na saúde pública brasileira. A expectativa é que o projeto seja acompanhado de medidas de regulação mais rígidas para minimizar os efeitos negativos dessa modalidade de jogo.

Fonte: O Globo

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