O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou em uma recente postagem em suas redes sociais que está sendo alvo de um tratamento desproporcional, o qual ele considera uma “perseguição implacável”. Essas declarações surgem em um momento delicado de sua trajetória política, enquanto enfrenta um pedido de condenação por parte do procurador-geral da República, Paulo Gonet, relacionado a acusações de uma suposta trama golpista.
A postagem polêmica de Bolsonaro
Bolsonaro utilizou suas redes para criticar o tratamento que, segundo ele, destoa do dado a outros políticos acusados de corrupção. Ele mencionou que enquanto corruptos são “absolvidos”, ele permanece sob um cerco político. O ex-presidente fez uma crítica direta ao delegado da Polícia Federal, Rodrigo Moraes Fernandes, responsável pelo caso Adélio, afirmando que a sua nomeação ao cargo de diretor de inteligência da PF durante o governo Lula não pode ser apenas uma “coincidência”.
A indignação de Bolsonaro se estende ao que ele chamou de abusos por parte da Polícia Federal, mencionando ações de “pesca probatória”, que incluem quebras de sigilo e intimidações. “O que sobra é apenas a narrativa, a velha farsa do golpe, criada para justificar o uso da máquina do Estado contra um adversário político”, escreveu.
Refutações quanto ao plano alegado
Em meio às controvérsias, Bolsonaro também rebatou alegações de que teria planejado o “Punhal Verde e Amarelo”, que supostamente consistiria em um plano para assassinar líderes políticos, incluindo o presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin. Em uma entrevista ao portal Poder360, ele assegurou que “ninguém nunca pensou em matar ninguém” e criticou a atuação da Polícia Federal no caso de sua própria tentativa de assassinato em 2018.
“Se a Polícia Federal tivesse trabalhado 10% do que trabalhou para mim para o Adélio, teria descoberto quem mandou me executar”, defendeu Bolsonaro, reiterando sua crença de que a investigação foi conduzida de forma inadequada.
Pedido de condenação de Bolsonaro por crimes graves
As polêmicas em torno da figura de Bolsonaro ganharam novas proporções após o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentar um pedido de condenação, não apenas do ex-presidente, mas também de outros sete réus na ação penal sobre a trama golpista. A manifestação, que possui mais de 500 páginas, foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) e reitera as denúncias previamente apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em fevereiro deste ano.
Na denúncia, Gonet afirma que as evidências contra Bolsonaro são claras e aponta que ele atuou de maneira sistemática ao longo de seu mandato e após a derrota nas urnas, incitando a insurreição e desestabilizando o Estado Democrático de Direito. Para o procurador, as ações do ex-presidente não se limitaram a uma resistência passiva à sua derrota, mas configuraram uma articulação deliberada para criar um ambiente favorável à violência e ao golpe.
Manipulação da máquina pública e fake news
Além disso, Gonet destacou que Bolsonaro foi o principal coordenador da disseminação de notícias falsas e ataques às instituições, utilizando a estrutura do governo para fomentar a subversão da ordem. “Cabe a responsabilização do réu pelos crimes descritos na denúncia”, concluiu o procurador.
Essa nova fase da sua vida política marca um momento crítico não apenas para Bolsonaro, mas também para a política brasileira em geral, levantando questões sobre a legalidade, a aliança entre os poderes e a integridade das instituições democráticas. Enquanto o ex-presidente tenta consolidar sua narrativa de perseguição, o contexto jurídico e político continua a evoluir, colocando em xeque não apenas sua imagem, mas a confiança do povo nas instituições.