Renata Egreja, uma artista plástica natural de Ipaussu, SP, tem se destacado no cenário artístico nacional com suas obras que celebram a cultura caipira e a força feminina. Nascida em uma família de agricultores, Renata extrai inspiração do cenário bucólico de sua fazenda, refletindo em sua arte uma visão poética e positiva do interior paulista. A sua nova exposição, intitulada “Montanha de Mim”, está em cartaz até o dia 9 de agosto, no espaço Fonte, localizado no bairro Vila Madalena, em São Paulo.
Uma trajetória marcada pela ancestralidade
A exposição “Montanha de Mim”, que possui curadoria de Marina Bortoluzzi, expõe 24 obras que vão de pinturas a objetos e é resultado de uma jornada artística de 16 anos. Renata cresceu em meio às plantações, mas deixou sua cidade natal aos 14 anos, retornando apenas em 2019 para viver na fazenda que pertence à sua avó materna. A riqueza histórica do imóvel, que abriga um ateliê, se reflete em seu trabalho, onde a artista busca conectar-se com sua ancestralidade e preservar as características históricas da casa.
“Sempre pintei, desde criança. Esfregava as flores no papel para fazer o colorido”, revela Renata, ressaltando que a natureza do interior paulista evoca sentimentos profundos, como a beleza do pôr do sol. A influência de grandes artistas, como Tarsila do Amaral, também é notável em suas criações.
Valorização da figura feminina no campo
Renata Egreja acredita que é fundamental destacar a presença das mulheres no campo, especialmente em um momento em que o agronegócio frequentemente é visto de forma negativa. “Em tempos em que o agronegócio é visto muitas vezes sob uma perspectiva de vilão, é preciso reforçar que a presença de mulheres líderes no campo faz a diferença”, afirma a artista. Ela acredita que as mulheres trazem humanização, sustentabilidade e segurança alimentar para as zonas agrícolas.
A artista coloca em suas obras a figura feminina como central, reforçando a ideia de que as mulheres têm um papel vital na cultura agrícola. A exposição “Montanha de Mim” representa não apenas um retorno às suas raízes, mas também uma expansão simbólica de seu território criativo. “Agora a narrativa da minha produção se ancora em uma poética mais telúrica, que ecoa vozes silenciadas de várias épocas e abre caminho para uma identidade coletiva”, explica Marina Bortoluzzi.
A riqueza das obras de Renata
A mostra é composta por técnicas e materiais diversos, incluindo pintura a óleo, acrílica, pigmentos naturais e sintéticos, aquarelas e cerâmicas. As quatro telas de grandes dimensões que compõem a exposição ocupam uma posição de destaque, capturando a atenção do público desde a entrada. A paleta cromática e a pintura monumental são cuidadosamente planejadas, criando uma imersão visual que encoraja a reflexão sobre a identidade feminina e a cultura agrícola.
Rotina de dedicação e criação
No ateliê instalado na centenária casa da fazenda, Renata se define como uma “operária das artes”. Sua rotina é marcada pela disciplina, iniciando os trabalhos pela manhã e incluindo momentos reservados para suas filhas, pois, como ela mesma diz, “a mulher artista também precisa conciliar a rotina de mãe no Brasil”. Este equilíbrio entre arte e maternidade é uma realidade comum para muitas artistas brasileiras, e a obra de Renata é um testemunho poderoso de que é possível unir estas duas esferas.
A mistificação do campo, através das lentes de Renata Egreja, promove uma nova apreciação do agro, elevando a cultura caipira a um patamar artístico, sempre com foco nas mulheres que contribuem e fazem a diferença nesse meio. “Montanha de Mim” é, portanto, mais que uma exposição; é uma celebração da força feminina, da ancestralidade e da beleza da vida rural que, muitas vezes, fica à sombra dos estereótipos associados ao campo.
O trabalho de Renata Egreja, refletido em suas obras, não apenas enriquece o cenário artístico atual, mas também conecta o público a raízes profundas e significativas da cultura brasileira. Para quem estiver em São Paulo até o dia 9 de agosto, a visita à mostra “Montanha de Mim” é imperdível.
Para mais informações sobre o evento, acesse a matéria completa no g1 Bauru e Marília.