O aumento na taxa do visto americano, que passou de US$ 185 para US$ 459, começou a gerar um impacto significativo na demanda por vistos no Brasil. A mudança, prevista pelo Congresso dos Estados Unidos para o próximo ano fiscal, tem provocado uma elevação no tempo de espera nos consulados brasileiros, chegando a 90 dias em alguns locais.
Implicações do aumento do custo do visto americano
Desde a aprovação do projeto de lei, agencias especializadas em vistos, como a Visamundo, relataram um aumento na procura por antecipação do processo. “A demanda subiu após o anúncio do aumento, e o prazo de processamento também aumentou de 60 para 90 dias em São Paulo, por exemplo”, explica Jorge Leite, diretor da 365 Vistos. No Rio de Janeiro, o prazo dobrou de 30 para 60 dias, enquanto em Porto Alegre, Recife e Brasília saltou de 15 para 45 dias.
Impacto para quem planeja estudos e viagens
Estudantes brasileiros, como Eduarda Febrone, de 22 anos, decidiram antecipar a solicitação do visto para evitar os custos adicionais. “Se esperar mais, corro risco de gastar mais ou até de perder oportunidades, como o período de estágio ou de estudo”, afirma ela. Para Ana Carolina Medeiros, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), o aumento do preço não deve frear a demanda, mas pode fazer algumas famílias reconsiderarem seus destinos.
Reações e perspectivas do setor de turismo
O presidente do Conselho da Braztoa, Fabiano Camargo, avalia que a alta no valor do visto pode fazer os viajantes optarem por destinos alternativos, como Europa ou Ásia. “Se houver perda de demanda, os Estados Unidos podem perder visitantes que gastam mais no país”, aponta. Já especialistas do setor afirmam que a maioria dos viajantes já planeja com antecedência, e a alta no custo será mais um gasto adicional, sem interromper totalmente os planos.
Outros fatores influenciando a viagem ao exterior
Além do custo do visto, a insegurança no processo de entrada nos EUA e relatos de deportações na chegada continuam a afetar o interesse de brasileiros pelo destino, especialmente após as mudanças de políticas durante o mandato de Donald Trump. O cenário de instabilidade e o aumento do câmbio também contribuíram para uma redução nas viagens ao país, segundo a ex-presidente da Embratur, Jeanine Pires.
Consequências para o turismo brasileiro e internacional
De acordo com dados da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), os EUA ainda representam o principal destino internacional dos brasileiros, sobretudo famílias que desejam visitar parques da Disney ou fazer compras em Miami. Contudo, a previsão de aumento na fila para emissão de vistos pode levar a uma provável migração de brasileiros para outros países, como detalha Fernando Camargo, presidente da Braztoa, que acredita que destinos como Londres e Paris se tornarão opções mais viáveis.
Apesar das dificuldades, profissionais do setor acreditam que a demanda por viagens aos EUA continuará forte, pois muitos turistas planejam com bastante antecedência e consideram o aumento do visto como um custo adicional, não um impeditivo completo. Entretanto, há uma preocupação com a possível quebra de fluxo para o mercado americano, que perderia turistas de alto gasto, beneficiando outros destinos internacionais.
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