O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, reuniu-se nesta quarta-feira (16/7) com representantes da Câmara de Comércio Americana (Amcham) para tratar das possíveis tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras. A interlocução busca evitar a medida, marcada para iniciar em 1º de agosto, e evitar precedentes políticos que possam afetar o comércio bilateral.
Alckmin reforça a importância de afastar interferências políticas nas tarifas
Durante o encontro, Alckmin destacou que interferências políticas em questões tarifárias são prejudiciais e representam um precedente perigoso. A Amcham, por sua vez, manifestou apoio às reivindicações do Brasil e alertou para o risco de estabelecer um padrão de interferência política em temas de comércio internacional.
“Queremos trabalhar unidos com empresários e trabalhadores para resolver essa questão, e as empresas têm papel importante, tanto as brasileiras — que possuem indústria nos EUA — quanto as americanas”, afirmou o vice-presidente. Alckmin também informou que o governo avalia a prorrogação do prazo para evitar as tarifas, buscando diálogo e negociação.
Esforços diplomáticos e envio de proposta confidencial aos EUA
Alckmin revelou que o Brasil enviou, em 15 de maio, uma proposta confidencial aos Estados Unidos, procurando um entendimento para as tarifas. Até o momento, não houve resposta por parte das autoridades americanas. O objetivo é abrir caminho para um acordo que evite a aplicação das sobretaxas, que impactariam setores como café, carne e suco de laranja.
Reuniões com setor produtivo e representantes do governo
Ao longo da semana, o vice-presidente realizou encontros com diversos setores, incluindo representantes da indústria, do agronegócio, do Congresso Nacional e do setor comercial dos EUA. Ele destacou que o governo brasileiro trabalha para solucionar a questão até o dia 31 de julho.
Continuidade do diálogo e medidas de reciprocidade
Além das negociações, o governo brasileiro reforça que, caso necessário, poderá usar a Lei de Reciprocidade Econômica para responder às ações dos EUA, incluindo medidas de retaliação. Segundo fontes próximas, o roteiro oficial seguirá o diálogo, tentando evitar medidas mais duras mediante negociações.
Contexto da crise e postura dos Estados Unidos
As tarifas americanas surgem após ameaças de Donald Trump, que declarou intenção de sobretaxar produtos brasileiros e de outros países, em retaliação às ações do Brasil e do bloco do Brics em relação ao dólar e às moedas alternativas. Trump também ressaltou que aplicar tarifas de até 100% a países que não se adequem às suas condições comerciais.
O governo Lula tem respondido às ameaças com ações diplomáticas, incluindo o envio de uma carta aos Estados Unidos assinada por Alckmin e Mauro Vieira, reforçando a disposição ao diálogo e à negociação para evitar o aumento de tarifas.
Perspectivas e próximos passos
Segundo Alckmin, o governo permanece aberto ao diálogo, buscando uma solução até o final de julho, para evitar o impacto econômico nas exportações brasileiras. A expectativa é de que as negociações continuem nos próximos dias, com o objetivo de proteger os interesses dos setores produtivos nacionais e manter a relação bilateral equilibrada.