Representantes do setor agropecuário brasileiro reuniram-se nesta terça-feira (15) com ministros e secretários do governo federal para discutir a decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, que entra em vigor a partir de 1º de agosto. O encontro, realizado em Brasília, reforçou a preocupação com o impacto econômico e confirmou o apoio às ações diplomáticas do governo para reverter a medida.
Preocupação com exportações e prejuízos na carne e frutas
Durante a reunião, o presidente da Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Roberto Perosa, afirmou que a tarifa tornararia inviável a exportação de carne bovina para os EUA. Segundo ele, vários frigoríficos já suspenderam a produção, enquanto cerca de 30 mil toneladas aguardam liberação em portos ou embarque rumo ao mercado norte-americano.
“Nossa sugestão de imediato é a prorrogação do início da taxação. Existem contratos em andamento. Precisamos de prorrogação ou retorno à situação anterior. O setor já é taxado em cerca de 36%. Esse 50% seriam inviáveis para a exportação”, destacou Perosa, presente na reunião.
Além da carne, produtores de frutas também estão em alerta, especialmente os de manga, que relataram um clima de pânico. Guilherme Coelho, presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), explicou que a safra foi planejada há seis meses e já há 2,5 mil contêineres contratados para exportação aos EUA. Ele reforçou a necessidade de deixar as frutas fora do tarifamento.
Setores de laranja e café buscam soluções
Os produtores de laranja, cuja exportação para os EUA corresponde a 40% do setor, também manifestaram preocupações. Ibiapaba Netto, presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), destacou que 70% do suco de laranja consumido nos EUA é de origem brasileira. “Ainda há tempo para negociação. Temos confiança de que o governo alcançará um bom resultado”, afirmou.
O setor de café também participou do debate. Marcio Ferreira, presidente do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé), sinalizou que 33% do café consumido nos EUA é produzido no Brasil. “Nosso café é altamente competitivo, com um sabor único e a preferência dos consumidores. Agradecemos o esforço do governo e confiamos que uma solução viajará ao benefício de todos”, completou.
Diálogo, negociação e propostas em andamento
Os representantes reafirmaram a importância de diálogo e negociação constantes com as autoridades americanas, buscando alternativas para evitar prejuízos ao agronegócio brasileiro. O governo brasileiro já trabalha na defesa de uma solução que minimize os efeitos da tarifa, valorizando a relação comercial bilateral e o esforço diplomático em andamento.
Para mais detalhes sobre as negociações e os impactos para o setor, acesse a matéria completa na Agência Brasil.