Um estudo conduzido pelo Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP) aponta que, embora o grau de abertura comercial do Brasil tenha crescido nos últimos anos, o país ainda se mantém mais fechado comparado a outros emergentes, como México e Índia. A análise foi coordenada pelo economista Daniel L. Gleizer e reforça a importância dos portos brasileiros como principais pontos de conexão com o comércio internacional.
Brasil: maior fluxo pelo porto e avanços na abertura comercial
Segundo o estudo “Integração Comercial Internacional do Brasil”, o país tem visto uma elevação no grau de abertura, que mede a proporção das exportações e importações em relação ao PIB. Nos últimos cinco anos (2019-2023), esse indicador alcançou 34,3%, um aumento de cerca de 10 pontos percentuais em comparação com o período de 2010-2014. Mesmo assim, o Brasil mantém uma posição distante de países como México (80%) e Vietnã (174%).
Os portos brasileiros, especialmente os situados em Santos, Itajaí, Paranaguá e Rio de Janeiro, continuam sendo essenciais para essa dinâmica, respondendo por aproximadamente 70% do movimento de cargas voltadas para o exterior. Essa infraestrutura portuária é considerada estratégica para o crescimento econômico e para facilitar a inserção do Brasil no comércio global.
Impacto de políticas protecionistas e cenário internacional
O momento de maior debate ocorre diante do aumento do protecionismo, impulsionado especialmente pelo governo dos Estados Unidos. Na semana passada, Donald Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, levando representantes do setor agrícola e industrial do país a manifestar preocupação com a ameaça de perda de empregos e competitividade.
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o governo brasileiro planeja responder às tarifas de forma recíproca, caso não haja negociações diplomáticas. “Se nos taxarem, vamos retaliar na mesma proporção”, declarou.
Contribuição do Mercosul e posições divergentes
Guerra de discursos no bloco
Durante reunião do Mercosul na Argentina, o economista Javier Milei criticou o protecionismo do bloco, alegando que políticas voltadas para a integração regional têm prejudicado a maioria da população, favorecendo setores específicos. Em contrapartida, o presidente Lula defendeu a adesão ao grupo, destacando o papel do Mercosul na proteção dos países e na manutenção de uma tarifa externa comum que reforça a segurança econômica regional.
Protecionismo e tarifas do Mercosul
O bloco adota desde 1994 uma Tarifa Externa Comum (TEC), com alíquotas variando até 20%, podendo chegar a 35% em alguns casos por exceções. Apesar disso, o estudo do CDPP aponta que a média de importação do Brasil é de 12%, superior à dos EUA (3%), mas ainda baixa se comparada a países em desenvolvimento como Índia (43,8%) e Indonésia (39,5%).
Oportunidades e desafios para o Brasil no comércio internacional
O estudo destaca que o cenário global de aumento do protecionismo abre oportunidades para o Brasil atuar em áreas estratégicas, como segurança alimentar e energética, além de avançar na transição verde e digital. Tais movimentos podem estimular uma nova fase de reindustrialização e redução dos custos de produção.
Entretanto, para aproveitar essas oportunidades, o país precisa investir na redução de custos comerciais e na melhoria do ambiente de negócios. Segundo os autores, melhorar a produtividade das empresas e ampliar a competitividade nas cadeias globais são passos essenciais para fortalecer a inserção brasileira no comércio internacional.
Apesar dos avanços recentes, o estudo reforça que o Brasil ainda possui uma economia moderadamente fechada e que, para crescer de forma sustentável, deve perseverar na abertura e na modernização de sua infraestrutura portuária. Sua localização estratégica, somada aos investimentos certos, pode consolidar os portos brasileiros como verdadeiras portas de entrada e saída do comércio mundial.
Para mais detalhes, confira a publicação completa no g1.