No andamento de um caso que tem trazido à tona graves acusações de corrupção e tentativa de golpe, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, reforçou as evidências contra o ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto. As alegações giram em torno da entrega de dinheiro que, segundo Gonet, teria sido feito a Mauro Cid, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, para monitorar autoridades. O ex-ministro, por sua vez, nega as acusações e busca legitimidade em sua versão dos fatos.
A acusação e a defesa
Na mais recente manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), Gonet solicitou a condenação de Braga Netto, Mauro Cid, o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros cinco réus por crimes graves, dentre eles a tentativa de golpe de Estado e a abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Gonet classificou as afirmativas de Braga Netto como “inverossímeis” e uma “narrativa fantasiosa”, enquanto defende a versão de Cid, que, em delação premiada, relatou uma entrega de dinheiro após uma reunião na casa do ex-ministro.
O encontro que levantou suspeitas
Cid afirmou que a quantia em dinheiro foi entregue a ele dentro de uma sacola de vinho, após uma reunião que teve a participação de outros militares sob investigação. Segundo o relato, o encontro teria servido para elaborar um plano clandestino contra autoridades, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Braga Netto, no entanto, contradiz essa versão, alegando que a reunião foi meramente uma visita de cortesia.
Incongruências nas versões
Recentemente, a defesa de Braga Netto solicitou uma acareação entre ele e Mauro Cid. Apesar das confrontações, ambos os lados mantiveram suas versões inalteradas. Na análise de Gonet, as divergências entre os relatos são evidentes, mas sua interpretação é que a versão de Braga Netto se torna frágil quando analisada em contexto com outros elementos do caso.
Visita ou encontro clandestino?
A PGR levanta sérias questões sobre a natureza do encontro. Gonet destaca que a visita de dois “desconhecidos” em casa de um General de quatro estrelas, sem justificativa plausível, contraria as normas militares que exigem formalidade e respeito. Ele ainda reforça a ideia de que os participantes, sendo militares de Forças Especiais, não teriam razões para viajar centenas de quilômetros apenas para uma reunião social.
Mais gravemente, Gonet acentua que o ex-ministro Braga Netto mostrou um “tom evasivo” em suas declarações. Embora ele tenha reconhecido que Cid o procurou, ele apenas o orientou a obter fundos por meio do PL, partido ligado a Bolsonaro.
Ações concretas e análises da PGR
A PGR também observou que os réus implementaram ações práticas em conformidade com o plano, como passagens aéreas, hospedagens e compras de celulares, sem que houvesse uma fonte identificável para os recursos. Esta evidência leva a Procuradoria a reforçar a suspeita de que os valores realmente teriam sido providenciados por Braga Netto.
Com base nisso, Gonet afirmou que as circunstâncias não apenas refutam a narrativa de Braga Netto, mas corroboram o depoimento de Mauro Cid. Ele conclui que as informações disponíveis geram uma percepção de que a entrega do dinheiro não é apenas imaginária, mas possivelmente uma operação orquestrada por Braga Netto.
À medida que o caso avança, as implicações para os envolvidos continuam a se desdobrar, e a sociedade observa atentamente os próximos passos da PGR e dos tribunais. Ao mesmo tempo, essa situação lança luz sobre os problemas subsequentes enfrentados pelas instituições brasileiras e a necessidade de transparência nas relações de poder.