A inflação ao consumidor nos Estados Unidos subiu 2,7% nos últimos 12 meses, impulsionada pelas tarifas comerciais impostas pelo governo Trump, segundo dados divulgados nesta semana. Em junho, o índice de preços avançou 0,3%, enquanto o núcleo do CPI, que exclui itens voláteis, subiu 0,2%, permanecendo abaixo das expectativas pelo quinto mês consecutivo. Esses números refletem a influência das sobretaxas sobre os preços de bens e serviços.
Impacto das tarifas de Trump na inflação americana
Especialistas avaliam que as tarifas, como as de 30% para União Europeia e México, 25% para o Japão e 50% para o Brasil, já começam a afetar a inflação nos Estados Unidos, mesmo com negociações em andamento. Segundo Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, há uma expectativa de que esses efeitos se intensifiquem nos próximos meses, elevando a pressão sobre os preços.
“Acreditamos que as novas tarifas de importação podem começar a ter impacto sobre os preços dos bens e, consequentemente, sobre a inflação americana nos próximos meses”, afirmou Rodrigues. Ela ressalta que, mesmo com possíveis negociações para reduzir as tarifas antes de agosto, a alíquota média continuará elevada, acima do patamar de janeiro, antes do início do governo Trump.
Repercussões e perspectivas para o Brasil e o mundo
Para o economista Gustavo Sung, da Suno Research, os efeitos tarifários já podem ser notados no CPI de junho, embora ainda de forma limitada. “Os impactos dessa política comercial devem ser sentidos com mais força nos próximos meses”, declarou Sung. A volatilidade no mercado internacional é reflexo das ações tarifárias do governo americano, que têm causado aumento na incerteza econômica global.
Desde a semana passada, Trump anunciou uma série de sobretaxas, afetando importantes parceiros comerciais, como União Europeia, México, Japão e Brasil. Como resposta, a União Europeia já sinaliza retaliações envolvendo setores como aviação, carros e bourbons, intensificando o clima de tensão comercial.
Consequências para a política monetária e a inflação futura
De acordo com Ellen Zentner, do Morgan Stanley Wealth Management, embora a inflação de serviços siga desacelerando, a alta dos preços de produtos mais expostos às tarifas em junho indica que pressões inflacionárias maiores podem estar por vir. A expectativa de que essas pressões afetem o resultado do CPI de julho e agosto preocupa o mercado financeiro.
Analistas acreditam que o Federal Reserve (Fed) terá espaço limitado para reduzir as taxas de juros nas próximas reuniões, uma vez que as pressões inflacionárias prevalecem sobre o ritmo de desaceleração da economia. Kay Haigh, da Goldman Sachs, aponta que, se a inflação permanecer controlada, há possibilidade de retomada do ciclo de flexibilização a partir de setembro, mas os obstáculos permanecem, como as próximas leituras do CPI.
Para Gustavo Sung, os efeitos tarifários já se refletem no cenário atual e devem se intensificar, impulsionando a inflação e influenciando as decisões de política monetária nos Estados Unidos e além. A combinação de fatores deve manter a volatilidade como uma constante nos mercados internacionais.
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