Empresas e associações setoriais alertam que a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros pode frear investimentos e afetar a competitividade do Brasil no mercado internacional. O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) estima que os aportes previstos até 2029, que somam US$ 68,4 bilhões, possam ser revistos para baixo devido às tarifas do governo americano.
Repercussões das tarifas de Trump no setor de rochas ornamentais
O setor de rochas ornamentais, responsável por grande parte das exportações brasileiras para os EUA, vive um momento de extrema preocupação, segundo Reinaldo Sampaio, presidente executivo da AbiRochas. Os EUA representam cerca de 60% do faturamento do segmento no país.
“O Brasil é o maior exportador de rochas ornamentais para os Estados Unidos, e, no curto prazo, não há mercados que possam absorver a mesma quantidade de produtos que atualmente enviamos para lá”, afirmou Sampaio. Ele explicou que os produtos brasileiros mais comercializados nos EUA são chapas polidas e produtos de maior valor agregado, o que reforça a vulnerabilidade do setor às tarifas.
Reação do setor e estratégia diplomática
Para o presidente da AbiRochas, a única saída viável é o diálogo diplomático. “Um financiamento, por exemplo, ajudaria no impacto de capital de giro, mas não resolve o problema. O setor precisa conquistar outros mercados”, afirmou. A preocupação central é que as mais de dez mil empresas da cadeia, incluindo 1.500 mineradoras, sofram retração.
O governo brasileiro busca uma aproximação com o empresariado para avaliar perdas e pressionar por exceções às tarifas, de acordo com uma fonte próxima ao governo. Além disso, a estratégia inclui uma negociação pragmática para evitar prejuízos maiores na economia de ambos os lados.
Impacto no setor de turismo e outros segmentos
O aumento de tarifas também traz efeitos negativos para o setor de turismo. Cláudia Amado, da Flytour Turismo, destaca uma piora na percepção de acolhimento pelos EUA, menor incentivo a parcerias e uma possível retração de turistas brasileiros.
“O cenário de instabilidade desacelera decisões, adia investimentos e faz com que turistas e empresas repensem suas rotas”, afirmou. Ela também observou que, com a ameaça tarifária, o preço do suco de laranja exportado para os EUA já subiu devido ao aumento de custos.
Repercussões globais e outras medidas de retaliação
O setor de petróleo e gás, que responde por 17% do PIB industrial brasileiro, também sofre impacto das tarifas. Márcio Felix, presidente da Abpip, reforça a necessidade de soluções diplomáticas e destaca que a União Europeia já pensa em retaliações, com foco em aviões, carros e bourbon americanos.
Já a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) ressalta que a ausência de um acordo pode inviabilizar exportações de equipamentos essenciais, como recarga de veículos elétricos, motores e geradores, reforçando a importância de uma solução diplomática para garantir a estabilidade e previsibilidade no comércio.
Perspectivas futuras e a busca por equilíbrio
Especialistas apontam que a negociação deve ser pragmática para evitar uma escalada de tensões. Segundo analistas, a prioridade do Brasil deve ser diversificar mercados, buscando fortalecer relação com a China e outros países, enquanto tenta reverter ou diminuir os efeitos das tarifas americanas por meio de canais diplomáticos.
O impacto econômico é potencialmente significativo, com retração de embarques e redução de divisas, além de pressões inflacionárias nos EUA, que podem afetar a economia de ambos os países no médio prazo.
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