A economia da China apresentou um crescimento de 5,2% no segundo trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior, após uma alta de 5,4% no primeiro trimestre, conforme dados divulgados nesta terça-feira pelo Escritório Nacional de Estatísticas. O resultado ficou acima da previsão mediana de 5,1% estimada por economistas consultados pela Bloomberg, o que indica uma relativa resiliência diante do aumento das tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos.
Perspectivas de desaceleração e desafios internos
Apesar do bom desempenho do PIB, analistas alertam que uma desaceleração mais acentuada deve ocorrer nos próximos meses devido à intensificação dos riscos ao comércio global e à demanda interna enfraquecida. Segundo o banco Morgan Stanley, o crescimento do PIB pode cair abaixo de 4,5% na segunda metade de 2025, em meio ao ajuste após o adiantamento de exportações e à continuidade do ciclo deflacionário.
Pressões deflacionárias e queda no consumo
Dados recentes revelam que as vendas no varejo ficaram abaixo das expectativas, com queda acentuada em itens como bebidas, cigarros, álcool e cosméticos. Além disso, o setor imobiliário sofre com retração e os preços dos imóveis caíram mais rapidamente em junho. O índice CSI 300, referência para ações na bolsa chinesa, fechou praticamente estável após perder ganhos anteriores, enquanto o yuan se manteve na mesma faixa.
De acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas, o consumo contribuiu com aproximadamente 52% do crescimento econômico no segundo trimestre, uma participação maior que no início do ano, mas ainda abaixo dos mais de 60% registrados há um ano. Para Michelle Lam, economista do Societe Generale, a combinação de oferta forte com demanda doméstica fraca reforça a fragilidade da recuperação.
Manutenção da resiliência e riscos externos
Apesar da desaceleração das exportações para os EUA, que caíram 24% no segundo trimestre, as exportações totais ainda cresceram devido ao estímulo fiscal e à demanda por parte de mercados fora da América do Norte. O Banco Popular da China sinalizou que não pretende adotar medidas amplas de afrouxamento monetário de imediato, preferindo apoiar setores específicos por meio de ferramentas estruturais de crédito para evitar excesso de liquidez ociosa.
O fortalecimento da produção industrial, que subiu 6,8% em junho na comparação anual, e o crescimento de 7,4% na manufatura, impulsionaram a melhora geral da atividade econômica. Contudo, analistas ressaltam que a demanda interna ainda é insuficiente e que o risco de desaceleração se intensifica diante das tensões comerciais com os Estados Unidos e das incertezas globais.
Previsões e cenário futuro
Especialistas como Raymond Yeung destacam que a contínua deflação representa uma ameaça à recuperação sustentável, enquanto o esforço de estímulos pontuais não deve ser suficiente. A expectativa é que o crescimento do PIB em 2025 fique em torno de 4,6%, bem abaixo da meta oficial de aproximadamente 5%, refletindo um quadro de desafios internos e externos.
As autoridades chinesas ainda têm mais de 7 trilhões de yuans em títulos a serem emitidos na segunda metade do ano para sustentar o crescimento, mas as tensões comerciais e o protecionismo continuam como fatores de risco. A recente ameaça da China de retaliar se acordos com os EUA e o Vietnã afetarem seus interesses mostra o clima de conflito geopolítico que também influencia o cenário econômico.
Apesar dos obstáculos, o governo mantém a atuação de estímulos direcionados, apoiado por recursos provenientes da emissão de títulos soberanos, buscando evitar uma desaceleração mais profunda enquanto monitora de perto o andamento da economia global.
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