A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou nesta terça-feira (15) uma nota criticando o atual cenário político do país, que, segundo a entidade, tem sequestrado a agenda econômica e prejudicado a reputação internacional do Brasil. A confederação destacou que o país volta às manchetes globais mais por suas crises políticas internas do que por suas oportunidades de crescimento.
Críticas à agenda política e às instituições brasileiras
Na nota, a CNA reforça que o Brasil tem sido governado, de forma direta ou indireta, por uma obsessão com o passado. A entidade criticou o Congresso Nacional, o Judiciário e o governo, apontando que suas disputas e conflitos passaram a dividir o país e a paralisar ações essenciais para a recuperação econômica.
De acordo com a confederação, enquanto o setor produtivo trabalha para atrair investimentos, expandir mercados e gerar empregos, a política nacional gira em torno de radicalismos ideológicos e conflitos que não contribuem para o desenvolvimento do país. A carta também cita a repercussão de uma declaração de Donald Trump, ao justificar tarifas impostas ao Brasil, como um reflexo dessa deterioração na imagem internacional.
Impactos na confiança empresarial e na estabilidade econômica
Para a CNA, a prioridade dada a uma agenda voltada ao passado e às disputas políticas levou a uma instabilidade constante, afetando a confiança do empresariado e a previsibilidade das regras do jogo econômico. A nota destaca que essa postura do governo, ao reforçar antagonismos e tratar adversários como inimigos, tem custos elevados para o país.
“A confiança empresarial, a previsibilidade regulatória e a estabilidade institucional, pilares de qualquer economia saudável, são minadas quando o próprio governo entra no jogo da revanche”, afirma a confederação.
Reunião com setor agroexportador e perspectivas
Na mesma semana, representantes de setores como café, carne, suco de laranja, frutas e pescados se reuniram com o vice-presidente Geraldo Alckmin. Após o encontro, Alckmin declarou que o governo não pretende solicitar ao governo americano o adiamento das tarifas de importação, mas que trabalha para solucionar a questão até o fim de julho.
“Pudemos ouvir deles e reiterar o compromisso do presidente Lula de dialogar e buscar uma solução conjunta”, afirmou o vice-presidente, confirmando que a previsão é que as tarifas entrem em vigor em 1º de agosto.
Confiança na resolução do impasse
Empresários presentes na reunião manifestaram otimismo com a capacidade do governo de resolver a conflito de forma a minimizar o impacto nas exportações brasileiras, que já enfrentam desafios com a atual situação internacional.
Repercussões e o cenário futuro
A CNA reforça a necessidade de que o Brasil reoriente suas prioridades e reconheça que a estabilidade política e institucional é fundamental para retomar o crescimento econômico. Segundo a confederação, o país precisa superar a crise atual para recuperar sua imagem internacional e criar condições mais favoráveis para o setor produtivo.
Ainda não há uma definição oficial sobre as ações concretas do governo para resolver a questão das tarifas, mas o esforço de diálogo e negociação foi reafirmado pelos representantes do setor e pelas autoridades brasileiras.