A Arquidiocese de Santa Fé nos Estados Unidos convocou igrejas de todo o país a marcar o 80º aniversário da detonação da primeira bomba nuclear, ocorrida no deserto de Jornada del Muerto, em Nova Mexico, em 16 de julho de 1945. A data foi lembrada nesta quarta-feira (16), com momentos de oração e reflexão pelo fim das guerras e pelo desarmamento nuclear.
Comemoração e oração pela paz
Às 5h29 da manhã, hora exata da explosão, as igrejas foram convidados a tocar suas sinetas em sinal de oração pelo fim da violência nuclear e pela paz mundial. Segundo o arquidiocese, “essa ação é um chamado à oração por paz e desarmamento nuclear”, e também uma homenagem ao início da era atômica na humanidade.
O arcebispo de Santa Fé, João C. Wester, juntamente com os bispos de Las Cruces, Peter Baldacchino, e de Gallup, James Wall, participaram de uma cerimônia privada no local do teste, centrada na oração por um mundo livre de guerras e perigos nucleares. “Vamos pedir que cessam os conflitos que atormentam o mundo e que a ameaça de destruição nuclear seja extinta”, afirmou o arcebispo em nota oficial.
Memórias do teste Trinity e seus efeitos
A explosão Trinity, um marco histórico e trágico, foi sentida em um raio de 160 quilômetros, área que abrigava cerca de 500 mil habitantes, principalmente populações nativas e latinas. Muitos moradores relataram que não receberam avisos prévios sobre os efeitos prejudiciais da bomba, que ocorreu a poucos quilômetros de suas casas.
Após o evento, houve aumento de casos de câncer, mortes de recém-nascidos e outros problemas de saúde relacionados à radiação e contaminação, problemas esses que perpassam as comunidades afetadas até hoje. Essa realidade reitera a necessidade de reflexão sobre as implicações humanas do armamento nuclear, reforçada na cerimônia de memória realizada nesta quarta-feira.
Preces pela eliminação das armas nucleares e apelo à conversão
Durante a celebração, os religiosos também rezaram pela intercessão de Nossa Senhora do Monte Carmelo, comemorada na mesma data, pedindo por paz, proteção contra as ameaças de guerra e pela conversão de corações voltados à violência. A arquidiocese reforçou que “é oportuno invocar a intercessão de Nossa Senhora para um mundo livre das armas nucleares”.
No dia 13 de julho, um ato interreligioso em Albuquerque reuniu diversas organizações que clamaram pelo fim das armas nucleares, destacando o compromisso comum com a paz global. O arcebispo Wester destacou a frase do Papa Francisco de que armas nucleares são imorais, solicitando que a comunidade de fiéis “dedique-se a falar a verdade” sobre a questão.
Perspectivas de atuação ecumênica e social
Segundo o comunicado da arquidiocese, os líderes religiosos pretendem continuar promovendo ações de conscientização e oração, reafirmando o compromisso com a justiça e a paz. O objetivo é manter vivo o memorial das vítimas e estimular os esforços pelo desarmamento nuclear, além de fortalecer a mensagem de esperança e reconciliação em experiências compartilhadas.
O episódio do teste Trinity permanece como um lembrete sombrio dos perigos do armamento nuclear e a necessidade de ações globais de desarmamento, reforçando o papel da fé na busca por justiça, paz e reconstrução moral da humanidade.