Um estudo divulgado nesta terça-feira (15) pelo Instituto Trata Brasil revela que apenas 12 dos maiores municípios do país investem mais do que o valor considerado ideal para a universalização dos serviços de água e esgoto. A pesquisa, realizada em parceria com a GO Associados e com base nos dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2023, mostra a delicada situação do setor no Brasil.
Investimentos e desigualdades no saneamento brasileiro
Segundo o levantamento, os municípios com maior investimento médio por habitante entre 2019 e 2023 foram Campinas (SP), Limeira (SP), Niterói (RJ), São José do Rio Preto (SP), entre outros. Desses, nove são de São Paulo, cinco do Paraná, três de Minas Gerais, dois de Goiás e um do Rio de Janeiro. No ranking, os 20 primeiros colocados têm um investimento médio de R$ 176,39 por habitante, cerca de 20% abaixo do valor ideal de R$ 223.
Por outro lado, na extremidade oposta, os 20 piores colocados incluem cidades como Bauru (SP), Olinda (PE), Recife (PE) e Manaus (AM). Nesse grupo, oito capitais aparecem, como Recife, Maceió, Manaus, São Luís, Belém, Rio Branco, Macapá e Porto Velho. O investimento médio nessas cidades foi de apenas R$ 78,40 por habitante, ou seja, 65% abaixo do nível recomendado.
Indicadores de atendimento e desafios do setor
Apesar de uma média de 93,91% na cobertura de abastecimento de água nos 100 maiores municípios, ainda há cidades com índices inferiores a 80%, sendo Porto Velho o pior, com apenas 35,02%. Quanto ao esgotamento sanitário, a cobertura média caiu para 77,19%, e o tratamento de esgoto apresenta uma média nacional de 65,11%, com cinco cidades tratando menos de 10% de seus efluentes.
Outro problema grave é o índice de perdas na distribuição de água, que permanece elevado em quase metade do volume distribuído. A média entre os 100 maiores municípios é de 45,43%, bem acima do limite de 25% considerado aceitável, o que evidencia perdas significativas e desperdício de recursos.
Perspectivas e urgência na tomada de decisão
Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, alerta que o país ainda está longe de alcançar as metas de universalização. “O investimento em saneamento básico cresceu de R$ 111 para R$ 126 por habitante ao ano, mas ainda é insuficiente para atender à demanda”, afirmou. Ela reforça a necessidade de maior prioridade por parte dos gestores públicos e de recursos para ampliar a cobertura e melhorar a eficiência do setor.
A pesquisa reforça o diagnóstico de que há uma emergência na ampliação e qualificação do saneamento no Brasil, especialmente nas regiões Norte, Nordeste e no interior de alguns estados, onde a deficiência no atendimento é mais evidenciada.
Medidas para avançar no setor
Entre as ações prioritárias estão a ampliação dos investimentos públicos e privados, além da implantação de sistemas de gestão compartilhada entre municípios. A criação do Fundo Municipal de Saneamento Ambiental em Presidente Prudente, recentemente instituída por decreto, é um exemplo de iniciativa que busca fortalecer a estrutura de financiamento e gestão local.
Especialistas reforçam que investir na universalização do saneamento é fundamental não só para melhorar a qualidade de vida da população, mas também para reduzir desigualdades regionais e evitar problemas de saúde pública no futuro.
Para conferir os detalhes do estudo e os municípios com maior e menor investimento, acesse o artigo completo no G1.