No Haiti, a dedicação e o amor de religiosas têm sido um farol de esperança em um cenário de extrema vulnerabilidade. A Ir. Maria Marthe Placius, que vive esse compromisso de fé, acredita que mesmo pequenas ações podem gerar grandes transformações. Sob a sombra da pobreza, catástrofes naturais e violência, o trabalho dessas mulheres é um testemunho da fé e da compaixão humanas.
A luta diária em meio ao caos
O povo haitiano enfrenta desafios complexos, incluindo pobreza extrema, desastres naturais, e uma crise sanitária que agrava a já delicada situação. Nesse cenário, as religiosas atuam não apenas como prestadoras de serviços, mas como um símbolo de esperança. A Ir. Elaine Castro Matheuz destaca: “As religiosas foram um abraço de esperança para o povo haitiano numa situação extremamente difícil.” Elas se dedicam a oferecer cuidados médicos, educação e apoio psicológico, sempre com o objetivo de restaurar a dignidade e a saúde do povo.
A missão que nasce de um convite
A trajetória da Ir. Maria Marthe começou quando ouviu o chamado de Jesus: “Dai-lhes vós de comer”. Este convite se transformou em um compromisso diário com a comunidade de Croix des Bouquets, uma das áreas mais afetadas de Port-au-Prince. “Aqui só temos dois pães e cinco peixes… Não tenho muito, mas Deus pode trabalhar e fazer crescer aquilo que estou disposta a oferecer-lhe para a realização da sua obra”, relatou a irmã, profundamente tocada pela realidade que a cercava. Sua afirmação ressoa como um eco da fé: as pequenas ajudas podem se transformar em grandes milagres.
Oferecer o pouco que se tem
Desafiando os limites da realidade, a Ir. Maria Marthe tem se empenhado na Clínica Saint Esprit, onde oferece assistência diversificada, desde cuidados pediátricos a programas de nutrição. Atualmente, cuidam de 125 crianças e oferecem serviços como aconselhamento pré-natal, vacinação e reabilitação. Apesar das dificuldades, a confiança das religiosas em Deus nunca vacila. Ela compartilhou: “Temos outro centro pediátrico dedicado ao cuidado à infância, crescimento e desenvolvimento. Além disso, gerimos uma creche e programas de bolsas de estudo educativas que permitem às crianças de baixos rendimentos entrar na escola.”
A missão das religiosas se estende à educação na Escola de Marie Poussepin, onde o aprendizado vai além do básico: ensina valores de vida, dignidade e respeito. A irmã enfatiza a importância da educação moral em um ambiente que pode facilmente se deixar levar pela violência, promovendo o respeito à vida e a cultura do cuidado.
A vocação no meio do perigo
Maria Marthe compartilha que, após um discernimento profundo, decidiu retornar ao Haiti para servir. Enfrentando a insegurança e o medo, ela confessa: “Com a oração e o apoio da minha comunidade estou em missão e, até agora, não me aconteceu nada.” Este sentimento de proteção e a certeza de que suas ações, por menores que sejam, têm um propósito maior, refletem seu forte compromisso com a fé.
A história da Ir. Maria Marthe é um exemplo claro de que podemos multiplicar o amor e a esperança, assim como Jesus fez com os pães. A sua missão é uma evidência vívida do Reino de Deus, onde a verdadeira transformação ocorre através do amor e da generosidade.
As religiosas no Haiti não apenas implementam ajuda humanitária, mas também se tornam portadoras de esperança. Elas demonstram que, mesmo em meio ao caos, a compaixão e a dedicação podem gerar frutos significativos e a verdadeira multiplicação vem da fé.
A missão das religiosas é, sem dúvida, um símbolo da luta e da resiliência do povo haitiano, em busca de um futuro melhor, onde a dignidade e a dignidade humana prevaleçam. Ao enfrentar cada dia com coragem, elas mostram que a missão de amor nunca é em vão.