Brasil, 14 de julho de 2025
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Taxas baixas no mercado de crédito preocupam gestores e indicam risco de bolha

Com a Selic alta, empresas emitem dívida a taxas históricas, levantando alertas sobre um mercado de crédito que pode estar excessivamente otimista

Gestores da Faria Lima e do Leblon demonstram preocupação com a forte expansão do mercado de crédito, impulsionada por taxas de juros surpreendentemente baixas. A alta na Selic tem levado fundos a migrar para o segmento de crédito, levando a emissões de dívida a níveis sem precedentes.

Tendência de taxas extremamente baixas no mercado de crédito

De acordo com investidores, a emissão recente de R$ 700 milhões pela empresa hospitalar Mater Dei em debêntures com rentabilidade de apenas 1,1% acima do CDI — que acompanha de perto a Selic — evidencia uma distorção. “Não é normal que uma empresa média consiga captar a uma taxa tão baixa e por tanto tempo”, aponta um gestor, que prefere não se identificar. Ele afirma que, há um ano e meio, esse tipo de operação seria feita com taxas entre 3% e 4%, sinalizando um mercado de crédito que vive um “bull market” desconcertante.

Exemplos de operações recentes e seus sinais de alerta

Outro caso emblemático é a emissão de R$ 4 bilhões pela operadora TIM, com uma taxa de CDI mais 2,3% há dois anos, e uma nova emissão de até R$ 5 bilhões pagando CDI mais apenas 0,8%. Essas operações ilustram o comportamento de um mercado que, segundo analistas, pode estar se inflando demais, com a liquidez focada em títulos de prazo mais longo e taxas minúsculas.

Impacto na indústria de fundos de crédito

No primeiro semestre, os Fundos de Direitos Creditórios (FIDCs) — que investem em títulos de crédito — captaram R$ 20,7 bilhões líquidos, enquanto outros fundos, como os multimercados, tiveram saídas de quase R$ 38 bilhões, aponta a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Sinal de excesso de otimismo e risco de bolha

Os especialistas alertam que a facilidade de captação e as taxas baixas podem estar gerando uma bolha de crédito, semelhante àquela observada durante os períodos de euforia financeira. Segundo análises, o mercado de crédito entrou em uma fase de expectativas de alta desmesuradas, o que pode resultar em uma reversão abrupta quando os sinais começarem a mudar.

Perspectivas futuras e possíveis consequências

Analistas recomendam cautela, uma vez que o excesso de liquidez e a baixa remuneração dos títulos podem não ser sustentáveis a longo prazo. Se as condições do mercado se ajustarem repentinamente, podem ocorrer perdas significativas, especialmente para fundos e investidores que se expuserem a taxas tão baixas por longos períodos.

Especialistas também destacam que a política monetária deve ser cuidadosamente monitorada, pois a combinação de juros baixos e elevada emissão de dívida pode criar riscos sistêmicos no mercado financeiro brasileiro.

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