A promessa de um transporte público mais acessível em Magé, na Baixada Fluminense, anima muitos moradores, mas também tem gerado frustrações conforme a realidade do serviço começa a se mostrar. Desde 3 de junho, a prefeitura lançou oito linhas de ônibus gratuitas, conhecidas como “amarelinhos”, numa tentativa de melhorar a oferta de transporte da cidade. Contudo, a frequente escassez de veículos e a longa espera entre as passagens têm gerado descontentamento entre os usuários.
A experiência dos usuários com os ônibus gratuitos
A insatisfação quanto à eficiência dos “amarelinhos” é notável em relatos de passageiros como Jurandir Santos, um autônomo que expressou sua frustração: “Tá funcionando bem. Porém o espaço de tempo é um pouco demorado. São quase três horas esperando ônibus.” Para muitos, a espera complicada se torna ainda mais insuportável quando os ônibus chegam horários ou estão lotados, forçando os passageiros a mudarem seus planos. “Ia pegar o tarifa zero, mas demorou muito. Estou pegando outro,” desabafou uma moradora, indicando a urgência que o transporte público deve atender.
Menos de 25% das linhas em operação
Segundo informações da administração municipal, apenas 9 das 40 linhas planejadas estão em operação atualmente, totalizando apenas 19 ônibus circulando pela cidade, o que implica que menos de 25% da estrutura está sendo utilizada. A insatisfação com o sistema de transporte público é crescente, e as reclamações dos moradores são recorrentes. “Piedade não tem. Vila Olímpia não. Iriri não tem. Vila Rica não tem. Conceição não tem”, enumera a comerciante Luciana Viana, demonstrando a ausência de atendimento em diversas áreas da cidade.
A crise no transporte público de Magé
Como resposta a essa situação crítica, a prefeitura decretou em outubro uma situação de emergência no serviço de transporte coletivo, o que permite a contratação de serviços e aquisição de bens sem a necessidade de processos licitatórios. Apesar da introdução das linhas gratuitas, ainda resta uma lacuna em relação à cobertura total da cidade, gerando a necessidade de os moradores percorrerem longas distâncias a pé ou arcando com o custo elevado de transportes alternativos. Neste cenário, a expectativa é de que a administração pública avance além da mera tarifa zero e se comprometa com a pontualidade, frequência e acessibilidade do transporte.
Causas da insatisfação dos usuários
A concessionária Divina, encarregada dos ônibus pagos que circulam em Magé, atribui a redução da frota de linhas à falta de reajuste na tarifa por parte da prefeitura, que não é alterada desde 2017. A empresa afirma que a prefeitura também não instaurou o subsídio permitido por uma lei municipal, um fator crucial para a viabilidade do serviço. Além disso, a empresa critica a “inércia da Prefeitura”, que, segundo eles, não se responsabilizou pelos custos das gratuidades e não tem combatido adequadamente o transporte alternativo.
Por sua vez, a Prefeitura de Magé argumenta que o repasse de subsídios à empresa esteve atrelado ao cumprimento de metas mínimas de operação. Segundo a administração municipal, a Divina falhou em atender a essas exigências, levando a administração a aplicar multas e a notificar a empresa sobre a iminente possibilidade de intervenção no sistema de transporte.
Mudanças em vista para o futuro
Em relação ao serviço de ônibus com tarifa zero, a Prefeitura informou que está revisando as rotas e horários das linhas gratuitas implementadas, em um esforço para remediar as dificuldades enfrentadas pelos cidadãos. A esperança é que as condições do transporte sejam adequadamente atendidas e que os moradores de Magé, finalmente, tenham um sistema de transporte que atenda com eficiência às suas necessidades diárias.
Com o desafio em mãos, a gestão municipal buscará melhorar e expandir o sistema de transporte público da cidade, sempre com o foco em uma solução que valha a pena para os usuários, garantindo que todos os bairros tenham acesso ao transporte necessário.
A situação atual em Magé ilustra a complexidade do transporte público brasileiro e os desafios enfrentados por muitas cidades em oferecer um serviço de qualidade que atenda às necessidades de seus cidadãos. A luta pela melhoria continua e a população se mantém atenta às ações da prefeitura.
