No cenário político de São Paulo, um novo desdobramento se destaca: o prefeito Ricardo Nunes (MDB) declarou nesta segunda-feira, 4, que está aberto a concorrer ao governo do estado, caso receba um pedido do atual governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). A afirmação ocorre em um momento de movimentos estratégicos por parte de Tarcísio, que se prepara para uma possível candidatura à presidência em 2026. Essa mudança de tom por parte de Nunes contrasta com seus discursos anteriores, onde garantiu que cumpriria integralmente seu mandato na prefeitura.
A posição de Nunes e suas implicações políticas
Durante uma entrevista à Globonews, Nunes enfatizou: “Meu desejo é cumprir os quatro anos. Acho que ele não vai fazer isso, mas o que o Tarcísio me pedir eu não tenho como negar.” O prefeito destacou que sente “muita sintonia” com o governador e que suas ações têm contribuído para melhorias na cidade, citando as iniciativas relacionadas à Cracolândia, onde parte do fluxo de dependentes químicos foi redirecionado.
O posicionamento de Nunes não é novidade; ele já havia manifestado interesse em ser visto como candidato ao governo caso Tarcísio decidisse concorrer à presidência, uma possibilidade que ainda depende da situação jurídica de Jair Bolsonaro (PL), sob risco de inelegibilidade. A aspiração de Nunes reflete uma busca por consolidar sua influência política e garantir suporte entre os aliados.
Tarcísio e as movimentações para 2026
A movimentação em torno de uma possível candidatura de Tarcísio à presidência em 2026 influencia diretamente os interesses de Nunes e de outros políticos no estado. Nomeados como candidatos em potencial para o governo, figuras como Gilberto Kassab (PSD) e André do Prado (PL) já começaram a se articular para se beneficiar de uma eventual troca de posições. Kassab, atual secretário de governo, teve sucesso em recentíssimas eleições municipais, confirmando sua força no cenário político.
Além disso, o vice-governador Felício Ramuth (PSD) também aparece como uma alternativa para assumir o governo, especialmente se Tarcísio optar por renunciar ao cargo. No atual cenário, a possibilidade de novas alianças e a movimentação de candidatos tornam o cenário eleitoral em São Paulo cada vez mais dinâmico e interessante.
A retórica de Nunes e promessas de campanha
Ricardo Nunes assumiu a prefeitura em 2021, sucedendo Bruno Covas, e conseguiu vencer as eleições contra Guilherme Boulos, do PSOL, com forte apoio de Tarcísio. Desde então, sua trajetória política tem sido marcada por promessas de cumprimento de mandato, frequentemente evidenciadas em suas declarações durante a campanha. “Completo os quatro anos, depois chega”, disse Nunes durante o processo eleitoral, demonstrando sua intenção de focar na administração municipal antes de qualquer movimento para cargos estaduais.
No entanto, o discurso atual parece contradizer essas declarações passadas, o que levanta questões sobre a estabilidade de sua posição. A recorrência de políticos abandonando promessas em busca de cargos importantes, como foi o caso de José Serra e João Doria, acende um alerta sobre a autenticidade do compromisso de Nunes com seu mandato e com o eleitorado.
Os caminhos do MDB e alianças políticas
Outro ponto relevante diz respeito ao MDB, partido que integra a base aliada do governo Lula e que desenvolve estratégias para fortalecer sua posição em um ambiente político competitivo. Atualmente, o partido almeja um cargo de vice na chapa de reeleição de Lula, mas também conta com um segmento que se identifica com as posturas de Tarcísio, criando um dilema interno sobre o apoio nas próximas eleições. O presidente do MDB, deputado Baleia Rossi, possui laços com Tarcísio e seus movimentos políticos indicam uma trajetória que poderá influenciar as futuras articulações.
À medida que o cenário eleitoral se desenrola, as interações entre os políticos, suas promessas e ações traduzem a complexidade do jogo político paulista, que promete intensas disputas e movimentações estratégicas por poder nos próximos anos. As próximas semanas serão fundamentais para entender os reais desdobramentos desta nova fase política em São Paulo.