Brasil, 14 de julho de 2025
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Dólar sobe 2,28% e Ibovespa cai 3,59% em resposta às tarifas de Trump

A semana foi marcada pelo aumento do dólar e queda na bolsa brasileira, influenciados pela ameaça de tarifas de Trump sobre produtos brasileiros

O dólar iniciou a semana em alta diante dos mercados globais, registrando um avanço de 2,28% na semana em que os Estados Unidos anunciaram uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Enquanto isso, o Ibovespa encerrou o período em queda de 3,59%, atingindo 136.187 pontos, refletindo incertezas e receios de impacto na economia brasileira.

Impactos iniciais das tarifas americanas na economia brasileira

Empresas brasileiras de setores como mel e pescados já sentiram os efeitos do tarifamento. No Piauí, o Grupo Sama, uma das maiores processadoras de mel orgânico do mundo, teve 585 toneladas de produto canceladas após o anúncio de Trump, com cargas já a caminho de serem enviadas aos EUA. O impacto também se fez sentir na exportação de pescados, com cancelamentos e desembarque de cargas nos portos do Nordeste em menos de 24 horas.

Segundo Welber Barral, consultor em comércio internacional, embora os efeitos mais fortes ainda sejam esperados para agosto — quando a tarifa entrar em vigor —, muitos exportadores já tomaram providências para evitar perdas, como despachar cargas antes do prazo final. Os setores de café, carne bovina, suco de laranja, petróleo e aeronaves também devem sofrer impactos consideráveis.

Mercado financeiro reage às novas tarifas de Trump

Na última semana, o mercado financeiro reagiu negativamente às ameaças tarifárias, levando o dólar a subir significativamente. O acumulado do dólar na semana foi de +2,28%, e no mês, de +2,11%, apesar de uma queda de 10,22% no ano até então. O Ibovespa, por sua vez, acumulou uma perda semanal de 3,59% e de 1,98% no mês, embora tenha registrado alta de 13,22% no ano.

Reações do Brasil e estratégias de resposta

O governo brasileiro já articula uma resposta às tarifas de Trump. Na noite de domingo (13), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu ministros e o presidente do Banco Central no Palácio da Alvorada para discutir ações futuras, incluindo a formação de um comitê de empresários para buscar alternativas. Lula também destacou que o Brasil não aceitará ser tutelado e que poderá usar a lei da reciprocidade, caso as negociações não avancem positivamente.

O ministro do STF, Luís Roberto Barroso, também se pronunciou, defendendo a democracia brasileira e criticando a compreensão limitada de Trump sobre os fatos recentes, incluindo julgamentos do STF e políticas de big techs. Lula reafirmou que o país é soberano e continuará defendendo seus interesses, mesmo diante da possibilidade de escalada tarifária.

Cenário internacional e possíveis desdobramentos

Além do tarifamento ao Brasil, Trump anunciou tarifas de 30% para o México e União Europeia, que agora avaliam negociações para evitar impacto mais severo. O receio é que, se o Brasil retaliar com novos aumentos tarifários, os Estados Unidos possam elevar ainda mais as taxas sobre os produtos brasileiros, agravando o cenário comercial.

Especialistas alertam que o aumento do dólar e a retração na bolsa podem persistir enquanto as tensões comerciais permanecerem. O impacto econômico engloba a inflação — que pode se manter elevada — e o aumento dos juros pelo Banco Central, atualmente em 15%, o maior em quase duas décadas. Roberto Gonçalves, professor da FGV, acredita que a continuidade desse cenário pode desacelerar a economia severamente ou até levar à recessão.

Próximos passos e expectativas para o mercado

O governo planeja editar na terça-feira (15) um decreto regulamentando a lei da reciprocidade, que permitirá ações de retaliação de forma oficial. Ainda assim, há esperança de que as negociações possam evitar uma escalada tarifária descontrolada. O mercado financeiro continuará atento às decisões e às possíveis medidas de resposta do Brasil às ações de Trump.

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