O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de tarifas de 30% sobre importações de diversas categorias de produtos europeus, com entrada em vigor prevista para 1º de agosto. A medida inclui veículos, vinhos, perfumes e bolsas de luxo, podendo afetar significativamente setores-chave da economia europeia.
Impacto nas principais indústrias europeias
Setores como o automobilístico europeu, responsável por exportar cerca de 750 mil veículos para os EUA em 2024, podem sofrer forte repercussão. Segundo dados da Associação Europeia de Construtores de Automóveis (Acea), as exportações de modelos de marcas como Mercedes, BMW, Audi e Porsche totalizaram 38,5 bilhões de euros no último ano, representando 23% do faturamento da indústria na Europa.
Além do setor automotivo, o de luxo enfrenta riscos, especialmente marcas como Louis Vuitton, Hermès e LVMH, que têm forte presença no mercado norte-americano. A LVMH, líder global, obteve 34% de sua receita em 2024 nos Estados Unidos, com destaque para produtos de luxo como vinhos, perfumes e moda.
Setores mais afetados pela sobretaxa de 30%
Segundo o Eurostat, os produtos farmacêuticos permanecem isentos das tarifas por enquanto, representando 22,5% das exportações europeias para os EUA. Ainda assim, as empresas do setor já anunciam investimentos nos Estados Unidos para fortalecer sua produção local, buscando evitar o impacto direto das tarifas.
O setor de vinhos e bebidas alcoólicas também teme consequências severas. A federação francesa FEVS destaca que os EUA são o principal mercado internacional para vinhos e licores, com vendas de 3,8 bilhões de euros em 2024. Jérôme Despey, do sindicato FNSEA, alertou que a sobretaxa pode ser uma “catástrofe” para o setor, que já enfrenta dificuldades devido ao contexto econômico global.
Reações e tensões comerciais na Europa
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que as tarifas americanas prejudicarão empresas de ambos os lados do Atlântico e destacou a necessidade de negociações para evitar uma escalada de conflitos comerciais. França e Alemanha instaram a UE a manter negociações com os EUA, buscando evitar uma guerra tarifária que poderia afetar toda a cadeia produtiva europeia.
Jérôme Despey reforçou a preocupação ao afirmar que ameaças tarifárias frequentes têm colocado em risco setores vitais, especialmente o de vinhos e produtos de luxo. “Pedimos à Comissão Europeia que não ceda às pressões e continue buscando uma solução diplomática”, concluiu.
Repercussões e perspectivas futuras
Especialistas apontam que as tarifas de 30% podem elevar a tarifa sobre produtos como queijos, vinhos, massas e outros emblemáticos itens italianos, chegando a até 45%. Caso implementadas, essas medidas podem gerar uma resposta europeia, incluindo tarifas retaliatórias e restrições comerciais, aumentando a incerteza nas relações comerciais entre os dois blocos.
O contexto revela uma fase de tensão crescente, que pode afetar não apenas os setores de lazer e luxo, mas também a cadeia produtiva automobilística e farmacêutica. As negociações tendem a ser influenciadas pelo cenário político e econômico, com possíveis impactos no mercado global, principalmente em Brasil, Itália e França, países com forte vínculo comercial com a Europa e os EUA.
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