Se a tarifa de 50% anunciada pelo presidente Donald Trump entrar em vigor em 1º de agosto, o Brasil poderá enfrentar dificuldades nas exportações para os Estados Unidos, seu principal destino no comércio exterior. A medida, que deve afetar diversos setores, ameaça comprometer o crescimento das vendas brasileiras ao país norte-americano.
Impacto das tarifas nos setores industriais brasileiros
Segundo dados do Monitor do Comércio Brasil-EUA, divulgado pela Amcham, as exportações industriais brasileiras para os EUA alcançaram U$16 bilhões no primeiro semestre de 2025, crescimento de 8,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Os principais itens incluem aeronaves da Embraer, produtos semi-acabados de ferro e aço, além de óleos combustíveis.
“O recente anúncio de tarifas de 50% para o Brasil a partir de 1º de agosto tem o potencial de inviabilizar parte expressiva das exportações brasileiras para os EUA. A Amcham defende esforço diplomático para uma solução negociada no curto prazo”, afirmou a entidade em nota.
Principais produtos afetados e possíveis consequências
Entre os itens mais exportados aos EUA estão aeronaves, com vendas de US$ 1 bilhão, e produtos semi-acabados de ferro e aço, que somaram US$ 1,9 bilhão. Segundo analistas, a Embraer deve ser uma das empresas mais impactadas com a medida de Trump. Além disso, óleos combustíveis, avaliados em US$ 830 milhões, também podem sofrer recuo nas exportações.
Embora as exportações tenham aumentado, o setor industrial brasileiro continua apresentando déficit bilateral com os EUA, que totaliza US$ 3,7 bilhões no primeiro semestre, representando um aumento de 55,6% em relação ao mesmo período de 2024.
Brasil como destino das exportações e cenário econômico
Os EUA permanecem como principal parceiro comercial do Brasil, respondendo por 12,4% do total exportado pelo país. No primeiro semestre, as vendas brasileiras aos EUA atingiram US$ 16 bilhões, enquanto as importações foram US$ 21,7 bilhões, resultando em um déficit de US$ 1,7 bilhão.
Apesar do crescimento nas exportações, há preocupação de que a eventual aplicação das tarifas prejudique o relacionamento comercial e desacelere o fluxo de bens. “Aumentar tarifas neste nível pode ameaçar a estabilidade do comércio bilateral e a relação de confiança entre os países”, alerta o economista João Pereira.
Perspectivas futuras
Analistas ressaltam a importância de esforços diplomáticos para evitar um impasse que prejudique setores estratégicos, como o aeroespacial, além de comprometer avanços nas negociações comerciais em curso, incluindo acordos com a União Europeia e a China.
O governo brasileiro segue atento às questões diplomáticas e às possíveis repercussões econômicas, enquanto empresas se preparam para possíveis ajustes nas suas operações, caso a tarifa entre em vigor. Os próximos dias serão decisivos para definir o rumo das negociações e o impacto nas relações comerciais entre Brasil e EUA.