A Universidade Federal de Goiás (UFG) anunciou a instalação de oito supercomputadores equipados com os processadores Blackwell B200 da Nvidia, considerados os mais avançados para aplicações de inteligência artificial (IA). A iniciativa, que faz parte do Centro de Excelência em IA da instituição, busca ampliar o poder de processamento brasileiro na área e favorecer pesquisas inovadoras voltadas à realidade local.
Supercomputadores Nvidia fortalecem a pesquisa em IA no Brasil
Os novos sistemas de alta capacidade, adquiridos com um investimento de R$ 40 milhões financiados por recursos federais e estaduais, irão beneficiar cerca de 70 projetos acadêmicos e parcerias com startups e empresas. A entrega completa está prevista para o final deste mês, com parte da infraestrutura instalada no data center do governo de Goiás.
Os supercomputadores do modelo DGX incluem os processadores Blackwell B200, considerados os mais avançados da Nvidia para IA generativa. Segundo a empresa, essa geração de chips oferece até 15 vezes mais velocidade na execução de modelos e triplica a rapidez no treinamento de sistemas de inteligência artificial em relação à geração anterior.
Capacidades e aplicações do novo supercomputador
Com essa infraestrutura, o Centro de IA da universidade irá avançar em diversas frentes de pesquisa, desde sistemas que criam “humanos digitais” até ferramentas capazes de detectar deepfakes em vídeos e áudios. Segundo Anderson Soares, coordenador científico do Ceia-UFG, a melhora na capacidade computacional reduz o tempo de treinamento de vozes artificiais de semanas para dias, facilitando experimentos mais rápidos e eficientes.
Um exemplo de aplicação prática é o desenvolvimento de avatares que participam de videoconferências, traduzindo e sincronizando a fala em tempo real, com possibilidades de uso em treinamentos, aulas multilíngues e atendimentos remotos. Essa tecnologia, que combina diferentes modelos de IA, permite inclusive a criação de imagens hiper-realistas de “humanos digitais”.
Desafios e perspectivas para o avanço tecnológico no Brasil
Apesar do avanço, especialistas destacam que o Brasil ainda enfrenta limitações para ampliar o uso de tecnologias de ponta. Anderson Soares compara a situação a uma corrida em que o país dispõe de um motor de 40 cavalos, enquanto as nações concorrentes já utilizam motores de 400 cavalos. Para o coordenador do Ceia, é necessário ampliar a infraestrutura e investir na formação de talentos para se manter competitivo no setor global de IA.
De acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) prevê R$ 23 bilhões em investimentos até 2028, com foco na capacitação de universidades federais e no desenvolvimento de soluções sob medida para o contexto brasileiro. No entanto, especialistas como Márcio Aguiar, diretor da Nvidia na América Latina, acreditam que o fortalecimento de centros já existentes seria uma estratégia mais eficaz do que dispersar recursos em diversos projetos menores.
Impacto do projeto e o futuro da IA no Brasil
Os supercomputadores instalados no Ceia devem apoiar cerca de 150 milhões de pessoas por meio de projetos que envolvem desde robótica até a criação de agentes autônomos de IA voltados para a indústria e o setor energético. Segundo o pesquisador Anderson Soares, o avanço tecnológico possibilita reduzir o tempo de desenvolvimento de sistemas complexos de IA, como os que criam vozes com sotaques regionais ou geram avatares hiper-realistas.
O Brasil caminha para uma maior autonomia tecnológica na área, mas o caminho ainda exige investimentos contínuos na infraestrutura e no talento nacional. A iniciativa da UFG demonstra que é possível desenvolver aplicações próprias, treinadas com dados locais, para ampliar a competitividade do país na corrida global pela inteligência artificial.
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