Brasil, 14 de julho de 2025
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Setor Norte estreia com música que nasce do luto e mira o cotidiano urbano

Na paisagem áspera da cidade, onde solidão e resistência se cruzam diariamente, surge uma voz que carrega tanto o peso da memória quanto a urgência do presente. É desse território de afetos e ruínas que emerge o Setor Norte, um duo formado por Pedro Yuka e Rômulo Catharino, cuja estreia se revela mais como um gesto de escuta do que uma simples apresentação ao público.

Uma jornada musical marcada pelo luto

Em Até o Fim, a faixa que inaugura a trajetória do Setor Norte, pulsa algo entre escombros — um som que busca traduzir e transformar a experiência que nos atravessa. O projeto de Pedro Yuka, após a morte de seu irmão Marcelo Yuka em 2019, tornou-se uma forma de resistência e expressão artística.

“Assumir o estúdio que foi dele foi uma tentativa de manter algo vivo, mesmo em meio ao luto. A música surgiu como a saída de vida”, explica Pedro, irmão caçula de Marcelo, conhecido por seu trabalho como compositor e fundador do famoso grupo de rock O Rappa.

A produção e sonoridade do Setor Norte

O projeto, inicialmente criado como um esforço para manter o estúdio em funcionamento, aos poucos se transformou em arte. A canção Até o Fim traz a assinatura sonora de Marco Lobato, músico que integrou O Rappa, e que contribuiu com arranjos e sintetizadores que dialogam com o universo do trip hop e trap. A faixa conta com a participação especial da cantora Analu Costa, que adiciona delicadeza à profundidade das letras, que tratam do cotidiano urbano, solidão e resiliência.

Com produção artística do próprio duo e uma equipe experiente, o Setor Norte é liderado por Alexandre Santos (ex-empresário do O Rappa) e Sergio Affonso (ex-presidente da Warner Music Brasil). Ambos reconhecem o potencial do duo, vendo-o como um dos lançamentos mais significativos da nova cena alternativa brasileira, tanto pela sua proposta artística quanto pela autenticidade que traz.

A profundidade emocional das letras

O som do Setor Norte é caracterizado por graves densos, vocais confessionais e letras que sensivelmente narram as dores e belezas do cotidiano. “Queremos dialogar com o Brasil real, com quem acorda cedo, pega metrô lotado, carrega o país nas costas”, define Rômulo, enfatizando a intenção de conectar-se com a base da sociedade que, mesmo sob pressão, ainda encontra espaço para sonhar.

O legado de Marcelo Yuka

O nome Marcelo Yuka é central na gênese do Setor Norte, não como um peso, mas como um elo de afeto e história. “É impossível desconectar. Muito do que somos veio desse convívio”, reflete Pedro. Rômulo, que trabalhou ao lado de Marcelo, também reforça a ideia de que a sensibilidade de Pedro é herança do irmão. “Essa sensibilidade vem do coração, e é disso que nascem as letras e os temas de conexão com o público”, afirma.

A instalação do Setor Norte no estúdio de Yuka não é apenas física, é um convite à exploração da memória e da continuidade de um legado artístico. “Acho que ele ficaria orgulhoso do que estamos fazendo aqui”, conclui Rômulo.

A música como ferramenta de transformação

A sonoridade do Setor Norte desvia de rótulos simplistas. Entre batidas eletrônicas e letras cruas, o grupo moldou uma linguagem musical única que reflete suas vivências. “Não é rap, não é rock, não é pop. É tudo isso junto e mais o que vivemos”, define Rômulo, revelando uma abordagem artística multi-facetada.

Até o Fim exemplifica essa proposta. Nascida de um desabafo, a canção transforma experiências cotidianas em poesia urbana. “É sobre o esgotamento, mas também sobre a força de seguir até o fim. Mesmo cansado, mesmo no limite”, diz Pedro. A faixa visa acolher qualquer um que viva a dureza da rotina, oferecendo um espaço de conexão.

Em tempos de excessos e individualismo, o Setor Norte se propõe a promover conexão e escuta ativa. A arte deles, intensa e direta, busca tocar o coração das pessoas. “Se nossa música conseguir fazer alguém se sentir menos sozinho, já cumprimos nossa missão”, finaliza Rômulo.

O disco do Setor Norte, que está sendo finalizado, promete ampliar ainda mais essa conversa com o público, e ele prevê o lançamento para ainda este ano. “Queremos nos despir da vaidade, tocar as pessoas ao invés de impressionar pela técnica”, conclui Pedro, reafirmando sua missão como artista.

Confira a faixa aqui.

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