Milton Leite, um dos políticos mais influentes de São Paulo nos últimos anos e ex-vereador que não possui mandato desde janeiro, continua mantendo sua relevância mesmo fora da Câmara. Com um histórico de seis mandatos como presidente da Casa, Leite, que agora preside o diretório municipal do União, está à frente de pelo menos 20 indicações na prefeitura e em outros órgãos públicos, como o Tribunal de Contas do Município (TCM-SP) e a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
A influência pós-mandato de Milton Leite
Nesse cenário, Leite tem mostrado que, apesar de estar aposentado do cargo legislativo, não perdeu sua importância política. Sua pressão para comandar a federação do União com o PP em âmbito estadual é um reflexo disso. Menos de seis meses após deixar o cargo, o ex-vereador ainda recebe chamadas quase diárias de Ricardo Teixeira, atual presidente da Câmara, destacando a manutenção de laços fortes com a nova administração. Teixeira comentou em uma homenagem na Alesp que frequentemente consultava Leite sobre questões do legislativo, mesmo com ele muitas vezes fora em alto mar, uma referência ao hobby de pesca do ex-vereador.
Indicações e apadrinhados em cargos públicos
Ao longo de sua gestão, Leite acumulou poder e apadrinhados, com muitos deles, como a mãe e a filha de sua ex-namorada, ocupando cargos na administração municipal. Edileuza Cruz de Souza, por exemplo, recebe R$ 11 mil mensais como assessora no Departamento de Ação Social da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). A conexão com a escola de samba Terceiro Milênio, da qual Leite é patrono, também se reflete na composição dos funcionários do departamento, onde três de seus membros estão empregados. A filha de sua ex-namorada, Nicolly de Souza, atua no gabinete do vereador Silvinho Leite, que também é parte do União.
Ao ser questionado sobre a situação de seus apadrinhados, Milton Leite se defendeu: “A Edileuza não é minha sogra e é uma ótima pessoa. Conheço boas pessoas na sociedade que trabalham bem e dignamente.” Ele ainda ressaltou a assistência que sempre ofereceu a esses indivíduos, mesmo após o fim de seu relacionamento com Marília.
Reações e descontentamentos na Câmara Municipal
O papel de Milton Leite na política continua a gerar preocupação entre os vereadores. Há relatos de “ingerência exagerada” do ex-presidente, refletidos em discussões em grupos de WhatsApp, que precisaram ser recriados devido à resistência de Leite em se afastar do grupo original. A influência de Leite é tão grande que membros da base estão preocupados em agir sem sua consulta, chamando sua atuação de “caciquismo antigo.”
No entanto, a insatisfação com essa situação se manifestou em ações recentes na Câmara. Em uma das últimas sessões antes do recesso, foi aprovado um projeto que limita a reeleição do presidente da Casa a apenas uma vez, revertendo uma mudança feita em 2022 proposta por Leite que permitia reeleições ilimitadas. Essa mudança de regra é vista por muitos como um movimento deliberado para apagar a marca de influência do ex-cacique da Câmara.
Preparativos para o futuro político
Apesar de sua aposentadoria, Milton Leite afirmou ao GLOBO que está trabalhando na transição do partido e que considera sua saída definitiva, mas é inegável que seu peso no Legislativo ainda é significativo. Ele desafiou: “Você tem dúvidas de que se eu fosse vereador novamente eu seria o mais votado e seria presidente da Câmara de novo?”
Enquanto isso, sua influência persiste, já que ele presta apoio a vereadores aliados que têm a intenção de concorrer a cargos federais em 2026. Com negociações ativas para formar uma federação com o PP, Milton Leite permanece como uma figura central na política de São Paulo, mesmo retornando às sombras após a aposentadoria.
O futuro político de Milton Leite ainda é incerto, mas sua presença nas articulações políticas e indicações em cargos mostra que suas influências persistem, mantendo-o como um nome a ser observado na política paulista.