Um dos garanhões mais premiados do Brasil, Quantum de Alcatéia, morreu neste domingo (13) em Atalaia, Alagoas, sob suspeita de intoxicação alimentar relacionada à contaminação de ração. O animal, avaliado em R$ 12 milhões, apresentava sintomas graves após ingerir produtos da Nutratta Nutrição Animal Ltda., cuja contaminação já provocou a morte de 245 cavalos em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas.
Contaminação de rações equinas causa mortes em todo o país
Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), as investigações apontam que a contaminação ocorreu por falha no controle da matéria-prima, que continha resíduos de plantas do gênero crotalaria, responsáveis pela geração de alcaloides pirrolizidínicos, como a monocrotalina, substâncias tóxicas incompatíveis com a segurança alimentar animal. Desde 26 de maio, o órgão realiza apurações, constatando que todos os animais adoecidos ou mortos consumiram produtos da empresa.
Impacto da intoxicação na raça e na economia
Quantum, considerado uma grande promessa da raça Mangalarga Marchador, vivia no haras Nova Alcateia, em Atalaia, e era avaliado em R$ 12 milhões. Até o dia 7 de junho, 69 cavalos do mesmo local já haviam morrido após ingestão da ração contaminada. A morte do garanhão causou grande pesar na comunidade e deixou muitas perdas financeiras para os proprietários, que avaliam prejuízos de milhões de reais.
Resultados das análises laboratoriais confirmam presença de substâncias tóxicas
As amostras coletadas pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA) detectaram alcaloides pirrolizidínicos, especialmente monocrotalina, uma substância que, mesmo em doses pequenas, pode causar problemas neurológicos e hepáticos graves. Segundo o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, “nunca havíamos identificado essa substância em rações para equinos em toda a história do Ministério”.
Medidas tomadas pelo Ministério da Agricultura
Após a constatação do risco, o Mapa instaurou processo administrativo fiscalizatório, lavrou auto de infração e determinou a suspensão cautelar da fabricação e comercialização de rações da Nutratta destinadas a todas as espécies animais. Apesar da interdição, a empresa conseguiu na Justiça autorização para retomar parcialmente a produção destinada a animais bovinos. O órgão recorreu da decisão, reforçando o risco sanitário dos produtos.
Respostas oficiais e posicionamento da Nutratta
O G1 tenta contato neste domingo com a Nutratta para obter um posicionamento atualizado. A empresa publicou uma nota em 11 de julho expressando solidariedade às famílias e ressaltando que atua com responsabilidade e transparência na apuração dos fatos. A Nutratta informou que sua unidade de produção de ração equina foi interditada preventivamente pelo Ministério, e que colaboram integralmente com as investigações.
O órgão reforça a necessidade de rigor no controle de qualidade e adotou ações para garantir a retirada de lotes contaminados e evitar novos casos. “Estamos acompanhando de perto e garantindo que todo o lote seja recolhido, para impedir que novos incidentes aconteçam”, afirmou Goulart.
Perspectivas e próximos passos
As ações de fiscalização continuam intensificadas e o Ministério da Agricultura mantém total transparência na divulgação de novas informações, reforçando o compromisso com a saúde animal e a segurança do setor. Novas análises técnicas estão em andamento para esclarecer definitivamente a origem da contaminação e orientar providências futuras.