A Tesla, conhecida como a fabricante de carros elétricos mais valiosa do mundo, está no centro de uma controversa investigação. Documentos revelados pelo jornal Handelsblatt, abordando problemas internos e temas críticos de segurança, refletem uma realidade inquietante na gigante da tecnologia liderada por Elon Musk.
O princípio do vazamento
No dia 4 de novembro de 2022, Sönke Iwersen, chefe de investigações do Handelsblatt, recebeu informações anônimas que desencadearam uma profunda investigação sobre a Tesla. Um informante, Lukasz Krupski, um ex-técnico da Tesla, tinha em mãos mais de 23.000 documentos que detalhavam a cultura da empresa, frágeis práticas de segurança e condições desagradáveis de trabalho. O que estava nos arquivos não era apenas um relato, mas um espelho do que acontece nas fábricas, longe dos olhares do público e dos acionistas.
A visão de Krupski
Krupski, que começou sua carreira na Tesla em 2018, inicialmente estava animado para trabalhar na empresa. Mas sua alegria logo se desfez quando ele enfrentou uma realidade adversa: sua tentativa de relatar questões de segurança e falhas nos produtos levaram à instalação de software espião em seu computador. Ao final, ele tinha extraído mais de 100 gigabytes de informações valiosas antes de ser demitido.
Cultura de sigilo na Tesla
Os documentos vazados expõem uma cultura de sigilo talvez excessiva, onde cada funcionário assina acordos de não divulgação antes mesmo de ser entrevistado. O acesso irrestrito a dados sensíveis levanta questões sérias sobre a segurança cibernética da empresa, uma falha alarmante para uma organização que se apresenta como líder em inovação tecnológica.
Condições de trabalho e cultura corporativa
As denúncias de ambientes de trabalho hostis e insegurança em fábricas não são novas, mas os arquivos de Krupski aprofundam essas questões. Funcionários relataram condições de trabalho difíceis, onde os colaboradores são instados a minimizar o companheirismo, para evitar qualquer forma de complacência ou encobrimento de erros. Essa abordagem não apenas gerou uma rotatividade superior a 70% em um único ano, como também criou um ambiente de medo.
Segurança em risco
Mais preocupante ainda são as questões relacionadas à segurança dos veículos. Desde 2015, a Tesla registrou mais de 4.000 queixas de clientes. Funcionários relataram que muitos pararam de usar o sistema de piloto automático da empresa devido a falhas que poderiam colocar suas vidas em risco. Documentos internos indicam que a empresa não compartilha adequadamente informações sobre esses problemas, mantendo um silêncio preocupante sobre suas falhas de segurança.
A resposta da Tesla
Apesar da gravidade das denúncias, a Tesla continua a se expandir. O valor de mercado da empresa cresceu exponencialmente, mesmo após a divulgação dos relatos alarmantes. Iwersen e Verfürden, os autores do livro “The Tesla Files”, afirmam que a missão de sua investigação é proporcionar transparência e detalhes sobre as práticas da empresa, que, segundo eles, frequentemente criam uma fachada para encobrir realidades inviáveis.
Reflexão sobre o impacto da investigação
Fica a pergunta: esse tipo de exposição faz diferença? Iwersen acredita que, com o tempo, a verdade prevalecerá, apesar da resistência da Tesla em admitir suas falhas. A história de Krupski e os documentos revelados pelo Handelsblatt não devem ser vistos apenas como uma crítica à Tesla, mas um alerta sobre como a cultura corporativa pode influenciar a segurança e o bem-estar dos funcionários e dos consumidores.
Enquanto isso, a esperança é de que as investigações em andamento resultem em maior responsabilidade e melhorias nas práticas da Tesla, não apenas no que diz respeito à segurança dos dados, mas também no bem-estar dos trabalhadores diante de um dos maiores ícones do mundo tecnológico atual.