Na última sexta-feira, mais de 1.300 funcionários foram forçados a deixar o Departamento de Estado dos Estados Unidos, levando consigo não apenas pequenos objetos pessoais, mas também décadas de experiência e conhecimento especializado. Essa demissão em massa faz parte de uma reestruturação ampla programada pelo governo Trump, que já estava em andamento há meses e cuja notificação ao Congresso ocorreu em maio último.
A reestruturação e suas consequências
Embora a administração tenha comunicado a intenção de cortar milhares de empregos, a divulgação de quais funcionários seriam afetados ficou em segredo até o último momento, surpreendendo muitos deles, que fazem parte de uma redução de cerca de 15% do quadro de funcionários do setor público. Algumas das vítimas dessa onda de demissões, que eram colaboradores de carreira, relataram à NBC News que foram solicitados a elaborar discursos e materiais para altos funcionários políticos poucos dias antes de receberem suas demissões.
“É muito difícil trabalhar a vida inteira em um lugar e ser tratado assim”, desabafou um servidor público veterano que atuou no departamento por mais de 30 anos. Em um dia de emoções à flor da pele, muitos funcionários encontraram um espaço na área externa do prédio para se apoiar e expressar seu descontentamento.
Reação dos funcionários demitidos
Com a entrega dos avisos de demissão, era comum ver funcionários chorando nos corredores e entregando seus laptops e passaportes diplomáticos. A falta de transparência no processo incomodou muitos, e uma funcionária demitida destacou que: “As coisas não foram feitas com dignidade. Não foram feitas de forma respeitosa.” A reestruturação foi descrita como “agnóstica individualmente” por um alto funcionário do Departamento de Estado.
“Isso é a reorganização de pessoal mais complicada que o governo federal já empreendeu”, explicou o oficial, enfatizando que as demissões se concentraram em funções que deveriam ser eliminadas ou consolidadas, e não em indivíduos especificamente.
Solidariedade em meio à crise
No final da tarde de sexta-feira, centenas de servidores que não foram demitidos se reuniram na entrada do departamento em um gesto de solidariedade. Eles aplaudiram os colegas que deixavam o prédio, um ritual tradicional geralmente reservado para homenagear secretários de Estado. O ato foi um momento de forte emoção, com aplausos e gritos de apoio que ecoaram por quase duas horas.
“Fomos aplaudidos”, relatou uma das demitidas, destacando a união e o apoio que sentiu de seus colegas. “Todos celebraram o serviço e a dedicação de cada um de nós ao país.”
Impactos na política externa e direitos humanos
Entre os funcionários afetados, muitos expressaram preocupação sobre como as demissões afetariam a política externa dos Estados Unidos. Um funcionário que optou por se aposentar mencionou a devastação entre seus colegas, que, sem o suporte adequado, enfrentam desafios pessoais, incluindo o sustento de famílias.
A nova estrutura do Departamento de Estado indica uma redução significativa em operações ligadas à promoção da democracia e direitos humanos. Especialistas temem que a eliminação de cargos especializados prejudicará a capacidade do departamento de lidar com questões cruciais relativas aos direitos civis globalmente.
“A mensagem que isso envia ao mundo é preocupante”, afirmou um ex-oficial de alto escalão, ressaltando que as mudanças podem permitir que regimes autoritários continuem a reprimir vozes dissidentes e a violar os direitos humanos sem resistência.
O futuro das ciências e da pesquisa
Funcionárias demitidas do Departamento de Ciência e Tecnologia deixaram suas funções vestindo camisetas que destacavam a importância da ciência na diplomacia. Elas lamentaram a perda de talentos fundamentais que apoiam iniciativas de pesquisa essenciais para a inovação em diversas áreas. “Diplomacia não é um ganho de curto prazo. É um investimento a longo prazo”, afirmou uma delas, ressaltando os danos a longo prazo que essas demissões poderão causar.
The sheer scale of changes and the emotional toll on employees underscore the seismic shifts within the U.S. foreign policy framework as traditional values seem to be sidelined in favor of budget cuts and reorganization efforts.