O impacto das tarifas de 30% anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros já começa a afetar os principais estados exportadores do país. Com início previsto para 1º de agosto, a medida ameaça diminuir a competitividade de setores como calçados, carnes, café e produtos de engenharia.
Principais regiões brasileiras afetadas pelo tarifão de Trump
Juntos, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio Grande do Sul responderam por 73% de todas as exportações brasileiras para os EUA no primeiro semestre de 2025. São Paulo lidera o ranking, com 31,9% das vendas externas, incluindo aeronaves, sucos de frutas e equipamentos de engenharia, totalizando US$ 6,4 bilhões. Segundo relatório da XP Investimentos, a Embraer é a empresa mais exposta, com cerca de 24% de sua receita vinculada ao mercado norte-americano.
O Rio de Janeiro contribui com 15,9% do total, exportando óleos de petróleo, ferros e aços semiacabados, enquanto Minas Gerais arrecadou US$ 2,5 bilhões, com café, ferro gusa e máquinas de energia elétrica. Já o Espírito Santo e o Rio Grande do Sul vendem, respectivamente, US$ 1,6 bilhão e US$ 950 milhões em produtos como cimento, aço, tabaco, máquinas e calçados.
Setores mais vulneráveis e perspectivas futuras
O setor de calçados, que vinha apresentando crescimento de 24,5% nas exportações ao mercado norte-americano em junho, deve sofrer forte impacto com o aumento das tarifas. Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Abicalçados, lamentou a notícia, afirmando que muitas empresas terão que buscar novos mercados, embora essa transição não seja fácil nem rápida. Para análises de especialistas, uma tarifa de 50% pode prejudicar significativamente os negócios, obrigando fabricantes a reequipar suas estratégias de exportação.
Impactos na economia brasileira
Segundo o economista Felippe Serigati, da FGVAgro, o efeito do tarifão, considerando o peso das exportações brasileiras para os EUA, deve ser moderado no total do PIB, que representa cerca de 2%. Contudo, setores específicos como suco de laranja, carne, café e papel podem sofrer impactos mais severos. A dificuldade de estabelecer novos mercados complementa a preocupação dos empresários e analistas.
Vias de transporte e operação portuária
Dados da Amcham mostram que mais de 86% das exportações brasileiras aos EUA partem por via marítima, com o porto de Santos respondendo por um terço do total no primeiro semestre de 2025. Itaguaí e o Porto do Rio de Janeiro responderam por 9% e 7,8%, respectivamente, enquanto Vitória soma 7,6%. A ameaça de tarifas aumenta a instabilidade nos portos do Rio, São Paulo e Espírito Santo, impactando a logística e o comércio exterior do país.
Especialistas reforçam a importância de diversificar mercados para minimizar os riscos oriundos de mudanças tarifárias, ainda que a tarefa seja desafiadora e exija tempo e investimentos.
Mais informações em Fonte original.