Brasil, 12 de julho de 2025
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Ressaca pós-Mundial é desafio para clubes brasileiros no Brasileirão

Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras enfrentam dificuldades na volta ao campeonato após o Mundial de Clubes.

Depois de um mês nos Estados Unidos competindo em alto nível físico, tático e mental na inédita Copa do Mundo de Clubes, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras experimentam o retorno à realidade do futebol brasileiro. As vitórias históricas e campanhas respeitáveis deixaram suas marcas, principalmente para o alvinegro e o rubro-negro, que já entram em campo hoje, enfrentando Vasco e São Paulo, respectivamente. Enquanto isso, o tricolor e o alviverde jogam ao longo da semana. Os desafios, no entanto, não param por aí.

Desafios da volta ao futebol brasileiro

Enquanto os concorrentes no Brasileirão passaram o período descansando e treinando, o quarteto que participou do Mundial deve encarar a dificuldade de manter o ritmo elevado, mesmo diante de um nível de estímulo e motivação distinto. Segundo o psicólogo do esporte João Ricardo Cozac, a carga emocional gerada por competições desse porte pode ser intensa, resultando em desgaste psíquico e dificuldades ao retomar o ambiente do futebol nacional.

Cozac explica que é comum observar alterações no foco atencional, quedas momentâneas de concentração e variações de humor, bem como sintomas de desconexão com os objetivos do clube. “O cérebro do atleta esteve, por semanas, condicionado a metas e estímulos muito específicos, em um cenário grandioso e internacional”, observa.

A mudança de contexto, que envolve cultura, tática e pressão midiática, contribui para essa adaptação mental complicada. Os jogadores frequentemente enfrentam o que é descrito como “ressaca emocional”, após o fim de grandes eventos. Isso pode se exacerbar, conforme o retorno envolve contextos de menor exposição ou com desafios percebidos como inferiores ao que vivenciaram no Mundial.

A perspectiva dos preparadores físicos

Caio Gilli, preparador físico com experiência em clubes como Vitória e Água Santa, partilha da mesma preocupação. Segundo ele, imagina-se o desgaste do Mundial e, logo em seguida, enfrentar um jogo em condições desgastantes, como na Ilha do Retiro, onde o calor e a umidade podem ser desafiadores. “É difícil para o jogador lidar com isso. Você acaba entregando menos fisicamente e competitivamente, e essa desmobilização pode ter um impacto significativo”, ressalta.

Por outro lado, um bom desempenho no Mundial pode servir como um impulso para a equipe e seus jogadores. O psicólogo ressalta que, se bem abordado, essa experiência pode ser transformada em um “catalisador” para o desenvolvimento pessoal e esportivo dos atletas. A perspectiva de que o sofrimento pode gerar aprendizado é um ponto central nessa transição.

Entretanto, Gilli destaca que uma volta ao futebol nacional deve ser planejada meticulosamente, levando em conta a maratona de jogos que se aproxima até o final do ano. “Pouco mais de uma semana não é suficiente para os times se recuperarem. Será necessário um cuidado individualizado”, alerta, mencionando que a estratégia de uso dos jogadores dependerá da importância de cada partida ao longo da temporada.

Confiança versus tática no desempenho

Por outro lado, Rodrigo Coutinho, analista de desempenho e comentarista do Grupo Globo, acredita que a questão tática não deve ter tanto impacto no pós-Mundial para as equipes brasileiras. Ele alega que o que mais se destacou foram os ganhos em termos de confiança individual, que podem ter efeitos positivos no restante da temporada. “Taticamente, o ganho é mais sobre a percepção dos jogadores sobre seu potencial técnico”, afirma Coutinho.

De acordo com ele, a experiência adquirida em campo, apesar dos desafios enfrentados, pode trazer um resultado positivo, principalmente diante do prestígio que um torneio global representa. A valorização das habilidades individuais, no entanto, precisa ser aliada a um bom gerenciamento emocional, para que o retorno ao torneio nacional não represente um obstáculo e, sim, um trampolim para novas conquistas.

Assim, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras devem utilizar as lições aprendidas no Mundial como um suporte na extenuante jornada que se apresenta no Brasileirão. Manter o foco, a motivação e a conexão com as metas em um cenário competitivo local será fundamental para que as equipes superem esse desafio e sigam em busca de suas ambições no futebol brasileiro.

O caminho à frente não será fácil, mas os clubes já mostram força para se reerguer e transformar a famosa ressaca pós-Mundial em uma oportunidade de crescimento e sucesso no cenário nacional.

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