Brasil, 12 de julho de 2025
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Impacto das tendências virais: como o consumo de matcha e outros alimentos está afetando o meio ambiente

O aumento explosivo na demanda por matcha, abacates e pistaches impulsionado pelas redes sociais está provocando crises de abastecimento e impactos ambientais severos.

O fenômeno das tendências virais nas redes sociais está transformando a forma como consumimos alimentos, levando a uma crise global de abastecimento de produtos como matcha, abacates e pistaches. Desde o final de 2023, a popularidade do matcha no TikTok e Instagram estimulou uma busca incessante pelo produto, provocando escassez e reflexos econômicos e ambientais perigosos. Segundo o Ministério da Agricultura do Japão, a produção de matcha atingiu 4.176 toneladas em 2023, um aumento de três vezes em relação a 2010, pressionando os agricultores a adotarem métodos alternativos de cultivo, como o uso de folhas de té “tencha”.

O impacto da cultura digital na demanda por matcha

Uma única receita viral de um latte de matcha gerou mais de 120 milhões de visualizações, tornando a bebida símbolo de uma busca por saúde e bem-estar desencadeada pelas redes sociais. Essa explosão de interesse levou muitos agricultores a comprometerem a qualidade tradicional, cultivando folhas de té de maneira acelerada e fora do clima ideal, o que pode afetar a essência do produto e prejudicar a tradição do chá de alta qualidade. Como afirma Tomomi Hisaki, gerente da loja Tsujirihei em Uji, “o matcha de alta qualidade não pode ser produzido em grande escala sem comprometer a sua essência”.

Outros alimentos na mira do excesso de demanda

Além do matcha, ingredientes como pistaches, abacates, amêndoas e até a própria maionese Kewpie estão refletindo a escalada na procura mundial por tendências virais. A recente febre por chocolates recheados com pistache, impulsionada por influenciadores digitais, gerou uma escassez global, elevando o preço do produto de US$7 para US$10 por libra, conforme explica Charles Jandreau, gerente geral da Prestat Group. Na Colômbia, a onda de cultivo de abacates despontou após usuários de redes sociais destacarem seus benefícios à saúde, mas essa expansão desorganizada tem causado destruição ambiental e consumo exagerado de recursos, como água e energia.

Consequências ambientais e sociais

O aumento na produção forçada de produtos, muitas vezes fora do clima ideal ou sem infraestrutura adequada, contribui para a degradação ambiental. Na Colômbia, o cultivo intensivo de abacates também levou ao desmatamento e à contaminação de rios, enquanto o uso de 12 litros de água para produzir uma única amêndoa evidencia o impacto de conceitos de consumo excessivo. Os efeitos econômicos também são relevantes, com agricultores enfrentando dívidas e dificuldades para atender à demanda crescente por produtos que viraram moda nas redes sociais.

O papel das redes sociais na crise de abastecimento

Desde o fenômeno do salmão picante até receitas populares com Kewpie mayo, diversas tendências virais têm ocasionado escassez de alimentos e ingredientes em diferentes regiões. A popularidade do chef Logan Moffitt no TikTok, por exemplo, desencadeou uma demanda massiva por pepino, causando uma escassez em países como a Islândia. Esses exemplos demonstram como a influência digital consegue moldar tendências de consumo de maneira rápida e descontrolada, muitas vezes às custas do meio ambiente e da estabilidade do mercado.

Reflexões e possíveis soluções

É necessário refletir sobre o impacto real dessas campanhas de consumo impulsionadas por redes sociais e repensar nossa relação com esses alimentos. O cultivo acelerado e desordenado, aliado à busca por ingredientes de alta qualidade em quantidade, pode comprometer recursos naturais essenciais, agravando problemas como desmatamento e escassez de água. O consumo consciente e a valorização de práticas sustentáveis são essenciais para evitar que essas tendências, que parecem inofensivas, causem danos irreversíveis ao planeta.

Para acompanhar essas tendências sem prejudicar a biodiversidade e os recursos, é fundamental que consumidores, produtores e governos atuem de forma colaborativa. Assim, poderemos manter o equilíbrio entre inovação, cultura e sustentabilidade, garantindo o abastecimento de alimentos essenciais para as próximas gerações.

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