O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, alertou para os impactos complicados que o tarifaço imposto pelos Estados Unidos pode ter sobre o estado brasileiro. Em uma entrevista coletiva realizada na tarde desta sexta-feira, Tarcísio fez um apelo aos negociadores para que deixem a política de lado ao buscarem soluções para essa questão. O discurso surge quatro dias após o presidente americano, Donald Trump, anunciar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, uma medida que já começa a gerar reações e preocupações no agronegócio e na economia paulista.
Impactos econômicos do tarifaço americano
Durante sua fala, Tarcísio ressaltou a importância de entender as consequências econômicas que essa nova política pode trazer para o estado de São Paulo. Ao visitar Cerquilho, interior de São Paulo, onde participou da formatura de alunos de um curso de capacitação profissional, o governador não apenas manifestou sua preocupação, mas também indicou que a negociação sobre as tarifas é competência do governo federal e da diplomacia brasileira.
“A competência para fazer a negociação é do governo federal, da diplomacia brasileira. A diplomacia, ao longo dos anos, sempre se saiu muito bem”, disse Tarcísio. Ele complementou que está tentando fornecer informações relevantes à embaixada dos EUA para fortalecer a tomada de decisão sobre o impacto da tarifaço para a economia paulista.
Preocupações no agronegócio e na indústria
A medida americana gerou reações imediatas, principalmente no agronegócio, setor vital da economia brasileira. Tarcísio citou que o impacto deve ser sentido nas indústrias, como a Embraer, que enfrentará um aumento de US$ 9 milhões em impostos em cada uma das 90 aeronaves encomendadas pela American Airlines. Além disso, os setores sucroalcooleiro e de suco de laranja no agronegócio também devem sentir os efeitos negativos do tarifaço.
O governador expressou sua intenção de “sensibilizar” os EUA sobre as repercussões negativas do tarifaço, ressaltando que essa situação prejudica tanto o Brasil quanto os Estados Unidos. Ele enfatizou a necessidade de união para resolver o problema, declarando que “o momento demanda união de esforços” e que é essencial deixar “a questão política de lado” para priorizar as economias local e nacional.
Divisão política e pressões no governo
O clima político em torno do tarifaço também é tenso. Tarcísio se viu no meio de pressões de aliados bolsonaristas que propõem a anistia a Bolsonaro em troca do fim das tarifas. Questionado sobre essa questão, o governador afirmou que se trata de uma “questão de ponto de vista”, reiterando que seu foco é o estado de São Paulo e seus interesses.
“Eu sou governador do estado, existem interesses que precisam ser preservados, interesses das nossas empresas, dos nossos produtores”, defendeu Tarcísio, enfatizando seu compromisso com a defesa de empregos e das famílias de trabalhadores paulistas.
Propostas e ações do governo paulista
Além de buscar diálogo com as autoridades americanas, Tarcísio também mencionou que está coletando informações e evidências sobre o impacto da tarifaço, com o intuito de oferecer dados concretos que possam ajudar na negociação. Ele acredita que o entendimento mútuo das consequências poderia resultar em uma solução menos prejudicial para ambos os países.
No final da coletiva, o governador reafirmou a importância de agir rapidamente para mitigar os impactos da política tarifária proposta pelos Estados Unidos. Tarcísio afirmou que a união de esforços entre empresários, governo e sociedade civil é crucial para superar os desafios impostos pelo tarifaço e promover a recuperação econômica do estado.
A situação ainda está em desenvolvimento, e as repercussões da decisão dos EUA serão acompanhadas de perto pelos especialistas e pela sociedade civil, que se preocupa com as consequências na economia brasileira e no quotidiano dos cidadãos.