O volume de serviços no Brasil voltou a atingir o nível recorde de outubro de 2024 em maio, conforme divulgado nesta sexta-feira pelo IBGE. Apesar de ser uma boa notícia para a economia, a alta também sinaliza preocupações com a inflação, devido à manutenção dos preços elevados no setor, explica o economista Luis Otávio Leal, da G5 Partners.
Setor de serviços apresenta resiliência, mas desacelera
Leal afirma que “o setor parece estar mais dissociado da conjuntura macroeconômica, com sua dinâmica mais atrelada ao ambiente de negócios no Brasil e ao desenvolvimento tecnológico.” Embora o cenário ainda seja considerado benigno—sendo a quarta alta consecutiva após uma queda de 0,5% em janeiro—o ritmo de crescimento vem diminuindo, observa o pesquisador da FGV Ibre, Stéfano Pacini.
Após um aumento de 0,9% em fevereiro, o setor cresceu 0,3% em março, 0,4% em abril e agora 0,1% em maio. Este resultado ficou abaixo da média esperada pelo mercado, que previa uma alta de 0,2%. “Depois de uma forte queda em janeiro, os serviços vêm crescendo de forma moderada, chegando ao máximo histórico de outubro de 2024,” explica Pacini. “Apesar de manter uma certa estabilidade, a desaceleração dos percentuais indica uma tendência de desaceleração mais acentuada.”
Incertezas econômicas e fatores que podem frear o setor
Para o economista Gilberto Braga, professor do Ibmec, além dos efeitos dos juros de 15%, as incertezas geradas pelo aumento de tarifas também podem contribuir para uma maior desaceleração. “O resultado veio abaixo do esperado, mas dentro de uma flutuação prevista,” afirma Braga. Ele destaca que, no acumulado do ano, houve uma elevação de 2,5% e de 3% em 12 meses encerrados em maio.
Braga acrescenta que, diante das atuais circunstâncias, a tendência é de desaceleração ainda mais forte nos próximos meses, especialmente considerando as tensões comerciais entre Estados Unidos e Brasil.
Setor de serviços mostra sinais de resiliência em tempos de crise
De acordo com Braga, momentos de crise podem gerar oportunidades em certas áreas, e a prestação de serviços parece estar confirmando essa teoria. “O setor de serviços profissionais, por exemplo, teve uma alta de 3,9% em relação a maio do ano passado, demonstrando crescimento na busca por soluções especializadas em meio à incerteza,” destaca o especialista.
Leal completa que a resiliência do setor de serviços está relacionada à força do mercado de trabalho, embora os indicadores apontem para uma desaceleração mais acentuada no futuro próximo, segundo as sondagens empresariais.
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