Se as tarifas de 50% aplicadas pelos Estados Unidos entrarem em vigor em 1º de agosto, o setor de óleo e gás do Brasil pode precisar buscar novos mercados para exportação e fornecedores de insumos, alertam especialistas ouvidos pelo g1. A medida, anunciada pelo governo americano, ameaçaria a estabilidade das operações e a relação comercial entre os países.
Impacto nas exportações brasileiras de óleo e gás
Segundo levantamento da XP Investimentos com dados do Ministério da Indústria, o Brasil exportou aproximadamente 18,8% do total de produtos para os EUA em 2024, sendo o petróleo, produtos petrolíferos e materiais relacionados seus principais itens. Entre janeiro e junho de 2025, o valor das vendas de óleos brutos de petróleo ou minerais betuminosos atingiu cerca de US$ 2,37 bilhões, maior volume entre as exportações brasileiras.
Embora a dependência do mercado americano seja significativa, especialistas afirmam que o impacto da tarifa será limitado a médio prazo. “O petróleo é uma commodity líquida e há mercados globais que podem absorver essa demanda”, afirmou Regis Cardoso, responsável pela área de petróleo e gás natural da XP. Além disso, a capacidade de redirecionar o comércio para outros países deve mitigar os efeitos na economia brasileira.
Possíveis reações e alternativas do Brasil
O governo brasileiro ainda analisa estratégias de resposta, incluindo a possibilidade de acionar a Lei da Reciprocidade Econômica, que permite medidas de retaliação em casos de ações comerciais consideradas injustas. Segundo Sergio Araujo, presidente da Abicom, uma retaliação poderia afetar as importações de combustíveis, principalmente diesel, cuja dependência de produtos norte-americanos varia entre 20% e 30% na matriz de importação nacional.
Se confirmada a manutenção da isenção das tarifas para os combustíveis minerais brasileiros, o impacto negativo ao setor de óleo e gás tende a diminuir. Ainda assim, o cenário gera incerteza, especialmente para empresas com forte atuação na exportação aos EUA, como Petrobras, Cosan, Unipar e Braskem, que obtêm parte de sua receita nesse mercado.
Reações do setor e perspectivas futuras
Empresas como Petrobras avaliam possíveis efeitos das tarifas e permanecem atentas às negociações. A Petrobras afirmou que monitora o mercado global e busca sempre a melhor alternativa para seus negócios, reforçando que a estratégia é buscar opções mais econômicas dependendo do cenário.
Especialistas avaliam que, apesar de o impacto ser potencialmente limitado, o anúncio cria uma incerteza que exige acompanhamento próximo das negociações entre os governos. O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) destacou a importância do diálogo diplomático para evitar prejuízos à estabilidade e ao fluxo comercial com os EUA, maior mercado de compra das exportações brasileiras.
Próximos passos e cenário de negociação
Até o momento, ainda não há previsão de medidas concretas caso as tarifas entrem em vigor, mas a possibilidade de nova rodada de negociações entre Brasil e EUA mantém o setor em estado de expectativa. Especialistas sugerem que eventuais mudanças poderão ocorrer até o fim deste mês, quando termina o prazo para acordo entre as partes.
Para analistas, o setor de óleo e gás poderá passar por um período de adaptação, com possíveis ajustes nos preços e na estratégia de negócios. A expectativa é de que as ações do governo brasileiro e das empresas do segmento sejam orientadas para minimizar os efeitos negativos, preservando a estabilidade e a competitividade no mercado internacional.