Os Estados Unidos estão passando pelo seu maior surto de sarampo em décadas, com mais de 1.277 casos confirmados até esta segunda-feira, superando o recorde de 2019, mesmo sendo metade de 2025. Segundo o Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, a maioria dessas ocorrências ocorre entre pessoas não imunizadas ou com vacinação desconhecida, refletindo lacunas persistentes na cobertura vacinal no país.
Aumento de casos e risco de perda da eliminação do sarampo
De acordo com o Johns Hopkins US Measles Tracker, aproximadamente 92% dos casos de sarampo neste ano ocorreram em contextos de comunidades sem imunização adequada. William Moss, diretor executivo do Centro de Acesso à Vacina da instituição, afirmou que “o risco de os EUA perderem o status de país livre de sarampo é real se os casos continuarem neste ritmo”.
Na região, cerca de 88% dos casos estão ligados a 27 surtos conhecidos. Para efeito de comparação, em 2024, 69% dos 285 casos confirmados foram vinculados a 16 surtos diferentes. Especialistas alertam que a redução na confiança na vacina, aliada às lacunas na cobertura, contribui para a persistência do vírus.
Declarações controversas e resistência à vacinação
Em abril, Robert F. Kennedy Jr., secretário de Saúde e Direitos Humanos dos EUA, causou polêmica ao afirmar que a vacina MMR (sarampo, caxumba e rubéola) “não foi suficientemente testada” e que sua proteção seria de curta duração. Kennedy, conhecido por sua postura contrária à imunização, afirmou anteriormente que há desconfiança na segurança da vacina, o que contradiz estudos científicos amplamente respaldados pela comunidade médica.
O governo dos EUA reiterou, por meio de um porta-voz do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, que “a vacina MMR continua sendo a melhor proteção contra o sarampo”. A entidade destacou que a decisão de vacinar é uma escolha pessoal, recomendando consulta ao profissional de saúde para esclarecer dúvidas e garantir a imunização adequada.
Histórico de eliminação e alerta para possíveis retrocessos
O país foi declarado livre de sarampo em 2000, após atingir um marco de transmissão contínua por mais de 12 meses, resultado de uma forte campanha de vacinação. No entanto, o surto atual traz o risco de retroceder esse avanço, especialmente considerando a queda na cobertura vacinal, que passou de 95,2% para 92,7% na maioria dos estados durante o ano letivo de 2023-2024, levando o país perto do limiar crítico de imunização de 95%.
O foco do surto está em Texas, onde duas crianças não imunizadas, residentes em áreas de surto, vieram a óbito. Ambos não apresentavam condições de saúde preexistentes, conforme divulgou o departamento de saúde estadual.
Desafios e próximos passos
Especialistas alertam que a recomposição da confiança na vacina e o aumento da cobertura imunológica são essenciais para evitar mais casos e evitar a perda do status de país livre de sarampo. O governo promete reforçar campanhas de vacinação e aumentar a comunicação com a população para ampliar a adesão ao imunizante.
Desde o início do ano, autoridades vêm monitorando o avanço do vírus e reforçando a importância da vacinação universal. O combate a esse surto exige uma resposta coordenada e reforçada para manter os avanços na saúde pública dos EUA.