Nesta sexta-feira (11), a Polícia Militar de São Paulo realizou uma coletiva de imprensa para esclarecer os acontecimentos da operação que ocorreu na tarde de quinta-feira (10) na favela de Paraisópolis, localizada na Zona Sul da capital paulista. A ação desencadeou no registro de duas mortes e três prisões, além de um clima tenso com atos de vandalismo em reação à operação.
Contexto da operação
De acordo com a PM, a operação foi motivada por uma denúncia anônima que indicava a presença de armamento pesado na Rua Rudolf Lotze. Ao chegarem no local, os policiais se depararam com três homens que tentaram fugir, levando à troca de tiros que resultou na morte de um jovem de 24 anos, já conhecido por seu histórico criminal, e a prisão de outros dois homens, um deles foragido da Justiça.
Informações da GloboNews apontam que um dos presos não havia retornado de uma saída temporária em março de 2024 e que ambos possuíam passagem por roubo. A identidade do segundo morto não foi revelada, mas soube-se que ele também possuía envolvimento com atividades criminosas.
Novo policiamento e protestos na comunidade
Após a operação, Paraisópolis amanheceu com um aumento significativo no policiamento, buscando controlar possíveis manifestações de revolta entre os moradores. Na noite anterior, a comunidade viu um grupo de indivíduos atacando motoristas da região do Morumbi, em reação direta à ação policial. Um policial ficou ferido durante os confrontos que se seguiram.
O coronel Emerson Massera, chefe da comunicação da PM, afirmou que “o protesto começou após uma ação da Rocam, que verificava uma denúncia de uma casa-bomba”. O tumulto resultou em ao menos 20 focos de incêndio nas ruas circunvizinhas a Paraisópolis, incluindo áreas estratégicas como a Avenida Giovanni Gronchi.
A resposta das autoridades
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) enfatizou que a PM e a Polícia Civil estão investigando os eventos, e um inquérito policial militar foi instaurado para apurar as ações dos policiais. Massera garantiu que os envolvidos na operação estavam com câmeras corporais ativadas durante toda a abordagem, o que poderá ajudar na verificação dos fatos.
A SSP também divulgou que “foram apreendidas armas de fogo, munições, entorpecentes e anotações do tráfico” durante a ação na favela, e que as imagens das câmeras corporais serão analisadas na investigação.
Repercussões e segurança na região
A ação da PM e suas consequências acenderam um alerta sobre a segurança na região. Em entrevista ao SP2, o coronel Massera salientou a necessidade de um policiamento mais intenso no entorno da favela, com o objetivo de prevenir novos crimes e asegurar a ordem pública. “Estamos reforçando a segurança para proteger os acessos à comunidade”, afirmou. O clima de tensão persiste, uma vez que moradores expressaram sua insatisfação em relação à operação policial.
Este é um dos episódios mais recentes que ilustram a complexa relação entre a polícia e as comunidades em áreas vulneráveis de São Paulo, onde ações ostensivas muitas vezes geram reações adversas. O desafio está em estabelecer um patamar seguro de operação que respeite os direitos dos cidadãos, enquanto oferece resposta à criminalidade.
Os próximos dias na comunidade prometem ser de vigilância e precaução, enquanto tanto a PM quanto a população tentam entender os desdobramentos desta operação trágica em Paraisópolis.