Gestores de Aberdeen a Franklin Templeton continuam otimistas em relação ao Brasil, mesmo diante da possibilidade de tarifas comerciais de até 50% anunciadas pelo governo dos Estados Unidos. Eles destacam a resistência da economia brasileira, que, por ser relativamente fechada e fortemente vinculada ao mercado chinês, provavelmente suportará o impacto das tarifas, mesmo que elas entrem em vigor.
Perspectiva dos investidores sobre as tarifas de Trump
Segundo Greg Lesko, gestor na Deltec Asset Management, “é muito cedo para fazer grandes mudanças”. Mesmo com tarifas altas, ele afirma que “não é o fim do mundo” e que as estratégias de investimento permanecem cautelosas. A expectativa é de que o padrão entre Trump e o governo brasileiro siga um ciclo conhecido: um choque inicial no mercado, seguido por uma recuperação quando o lado americano recuar.
Reação do mercado e influência no Brasil
Após o anúncio, o real recuou quase 3%, mas rapidamente se recuperou, subindo 0,7%, e o Ibovespa encerrou a quinta-feira com queda de apenas 0,5%, sinalizando estabilização. Segundo analistas, o Brasil tem uma vantagem por sua baixa dependência das exportações para os EUA – que representam apenas 2% do PIB – e seu mercado diversificado de commodities, como petróleo, ferro, café e carne bovina.
Além disso, o governo brasileiro intensificará esforços para ampliar exportações para o Oriente Médio, Sul da Ásia e países do Sul Global, conforme declarou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Lula também sinalizou na mídia que, caso as tarifas americanas se concretizem, o Brasil buscará substituir os mercados restringidos por novos parceiros internacionais e manterá a postura de retaliação, se necessário.
Impacto na economia e percepção de estabilidade
Apesar da tensão, analistas ressaltam que a economia brasileira mostra resiliência. Chetan Sehgal, gestor da Franklin Templeton, aponta que “a dependência das exportações do Brasil é limitada”, o que dá ao país maior capacidade de suportar os efeitos das tarifas. Ele também afirma que, por ora, não há necessidade de alterar posições de investimento, já que o cenário de curto prazo ainda é incerto.
Mercados emergentes também foram atingidos, com moedas e ações caindo na sexta-feira, após Trump sinalizar tarifas adicionais de até 20% sobre diversos países, além de ameaçar o Canadá com uma tarifa de 35%. Contudo, sinais de estabilização começam a aparecer, com o real apresentando recuperação e o índice Ibovespa mostrando sinais de resistência.
Reconhecimento das vantagens brasileiras
Manoel Ventura, ex-embaixador dos EUA no Brasil, reforça que “Lula está melhor posicionado” na disputa tarifária, numa estratégia de explorar o sentimento patriótico dos brasileiros. Por sua parte, o chefe de dívida soberana de mercados emergentes na Aberdeen, Edwin Gutierrez, destaca que “a China é mais importante para o Brasil do que os EUA”, o que ajuda a diminuir o impacto direto das tarifas.
Reações e estratégias futuras
Embora o cenário seja de cautela, a visão de investidores como UBS Wealth e Bradesco BBI permanece otimista, apostando que as tarifas de 50% não prevalecerão. Além disso, a instabilidade tende a abrir oportunidades no longo prazo, com analistas destacando que, “eventualmente, os mercados devem se ajustar”, segundo Thierry Larose, gestor na Vontobel.
Ao mesmo tempo, Lula busca fortalecer sua imagem de defensor da soberania nacional, aproveitando o momento de crise para explorar o sentimento patriótico. As próximas semanas serão decisivas, com o governo se preparando para possíveis negociações na OMC e para uma eventual escalada na guerra comercial global.
Mais detalhes sobre o cenário internacional e suas implicações estão disponíveis no artigo completo da Globo.