Brasil, 16 de julho de 2025
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Especialistas questionam embasamento econômico de tarifas de Trump contra o Brasil

Analistas veem motivações políticas por trás das tarifas de Trump e alertam para riscos às relações comerciais entre Brasil e EUA

Especialistas afirmam que não há justificativa econômica sólida para as tarifas de 50% impostas por Donald Trump ao Brasil, consideradas mais uma sanção política do que uma medida baseada em argumentos econômicos. A estratégia do presidente norte-americano é vista como uma tentativa de demonstrar força diante de motivações ideológicas, incluindo acenos à extrema direita e às big techs, com impacto potencialmente prejudicial às relações comerciais entre os dois países.

Motivação política por trás das tarifas de Trump

Thiago de Aragão, pesquisador sênior do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais de Washington e CEO da Arko Advice Internacional, destaca que as sanções impostas por Trump geralmente têm um caráter político, iniciadas com cálculos considerados inválidos. “Fazem parte de uma narrativa doméstica de força política, do Maga (Make America Great Again, ou Faça a América Grande de Novo)”, afirma Aragão.

Ele explica que a fórmula de cálculo divulgada pelo governo americano ao anunciar tarifas recíprocas, em 2 de abril, considerava apenas o déficit comercial dos EUA com outro país. Como consequência, mesmo nações sem ligação significativa com os EUA, como Saint-Pierre e Miquelon, foram tarifadas em 50%, uma medida que foi suspensa na maior parte dos casos para negociações.

Impactos econômicos e políticos

Apesar da suspensão temporária, Trump deu um prazo de 90 dias para negociações, conseguindo fechar apenas acordos com Reino Unido, Vietnã e um parcialmente com a China. Outros países, incluindo o Brasil, receberam cartas informando que seriam sobretaxados a partir de agosto. Claudio Moraes, professor de Macrofinanças do Coppead/UFRJ, alerta: “Nenhum economista enxerga lógica econômica nessas ações. Trump atropela ritos e promove um choque econômico que pode prejudicar empresários brasileiros e americanos.”

Incerteza e risco nas relações comerciais

Para Moraes, a principal consequência dessas tarifas é a criação de um ambiente de incerteza, prejudicando os investimentos e a estabilidade do comércio internacional. “Quando há riscos, eles podem ser mitigados, mas na falta de horizonte, há retração econômica. Essa é a aula que Trump parece ter faltado”, critica.

A escassez de mecanismos internos e o papel da OMC

Pablo Saturnino, professor de Relações Internacionais da Uerj, lembra que disputas comerciais deveriam ser resolvidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC), embora essa instituição esteja atualmente enfraquecida. Segundo ele, as relações entre Brasil e EUA estão em um grau de nebulosidade sem precedentes, com ações como ações na OMC em questões como suco de laranja e algodão, das quais o Brasil saiu vitorioso na maioria dos casos.

Brasil na mira de Trump: uma estratégia de fácil alvo?

O Brasil entrou na mira de Trump após a cúpula do Brics, sendo considerado “o alvo mais fácil” por Aragão, principalmente por sua posição no cenário internacional e sua relação com a China, maior rival estratégico dos EUA na região. Saturnino ressalta que essa postura de Donald Trump é uma tentativa de pressionar países do Sul Global e fragilizar o multilateralismo.

De acordo com Aragão, Lula tornou-se o principal alvo devido à projeção internacional do Brasil e ao impacto político do governo atual. “Trump quer testar os limites das instituições e provocá-las, ameaçando a democracia e o equilíbrio de poderes”, avalia Saturnino.

Riscos de confrontos públicos e ameaças às instituições

Se Lula optar por retaliações, Trump poderia responder com ações públicas que testariam ainda mais a resistência das instituições brasileiras. Saturnino alerta que esse tipo de disputa representa um risco sério ao Estado democrático de direito, pois evidencia o uso de poder político para minar mecanismos de controle e consenso institucional.

Diplomacia e soberania

Saturnino enfatiza a importância de uma resposta soberana do Brasil, articulada nos bastidores com diplomacia qualificada. “A relação EUA-Brasil tem uma história de diálogo e necessidade de manter canais abertos e profissionais, evitando que ações unilaterais prejudiquem o vínculo entre as nações”, conclui.

Para mais detalhes sobre o impacto dessas sanções, confira a matéria completa no O Globo.

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