A embaixada da China no Brasil aproveitou uma publicação nas redes sociais nesta quinta-feira para convidar empresas brasileiras a participarem da China International Import Expo (CIIE), realizada em novembro, em Xangai. A iniciativa ocorre em um momento de escalada do conflito comercial entre Brasil e Estados Unidos, com tarifas elevadas sobre produtos brasileiros e impacto nas relações econômicas globais.
Aivaliação do cenário internacional e aproximação com a China
Com as tarifas de importação dos EUA chegando a 50% sobre produtos brasileiros, especialistas avaliam que o aumento da tensão favorece uma aproximação maior entre Brasil e China. Desde 2009, a China tem sido a principal parceira comercial do Brasil, e a recente elevação das tarifas americanas tende a reforçar essa relação.
Segundo a analista Larissa Wachholz, “a situação atual é uma janela para explorar novas oportunidades de mercado”. Ela acrescentou que, embora a feira não resolva o aumento das tarifas americanas, sinaliza a necessidade do Brasil diversificar seus parceiros comerciais, destacando a importância de agregar valor aos produtos exportados.
Importância da CIIE e o papel do Brasil
Desde sua criação, a feira de importações chinesa tem sido um espaço para marcas internacionais apresentarem seus produtos ao gigante asiático, incluindo setores como automotivo, tecnológico e de saúde. A participação do Brasil, que ocorre desde a primeira edição, busca fortalecer a presença de produtos nacionais em um mercado que, segundo dados oficiais, movimentou US$ 80 bilhões em transações no ano passado.
Em maio, a China anunciou uma política de isenção de visto para brasileiros, válida até maio de 2026, com o objetivo de facilitar a participação de empreendedores e investidores brasileiros em eventos econômicos, como a CIIE. Segundo o governo chinês, a medida visa ampliar a cooperação em áreas de energia renovável, digitalização e agricultura.
Oportunidades e desafios na nova conjuntura
De acordo com especialistas, a feira representa uma oportunidade para o Brasil mostrar produtos de maior valor agregado ao mercado chinês. “Não se trata de uma solução imediata para o conflito com os EUA, mas de uma sinalização de que é preciso ampliar a parceria com outros mercados”, afirma Larissa Wachholz.
Ela ainda destaca que, para aproveitar essas oportunidades, é necessário investir em adaptações de produtos às preferências chinesas, além de acesso a financiamento e estratégias de marketing. “A busca por novos mercados não é simples nem barata, mas o cenário atual pode estimular debates internos no Brasil sobre diversificação e inovação na pauta de exportações”, reforça.
Perspectivas futuras e o papel do bloco BRICS
Após a reunião de cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, o jornal China Daily destacou que os países do grupo têm atuado de forma ativa na CIIE, reforçando o compromisso com a cooperação econômica e o desenvolvimento conjunto. “Essa participação demonstra um alinhamento com a China, que também busca ampliar suas importações e reduzir a dependência de mercados tradicionais”, explica Larissa Wachholz.
Mesmo diante do protecionismo americano, a busca por novos parceiros é vista como uma estratégia necessária. Como pontua a especialista, “explorar mercados de alto valor agregado, como o chinês, é uma oportunidade que o Brasil precisa aproveitar para fortalecer sua posição na cadeia global de comércio”.
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