Após o anúncio de Donald Trump de que irá aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, empresas brasileiras que vendem para os EUA vivem momentos de incerteza e preocupação. Empresários tentam calcular possíveis prejuízos e buscar alternativas para escoar suas produções, especialmente em setores como agronegócio, calçados e tecnologia.
Setores mais afetados pela tarifa de Trump
Setores como a Embraer, produtores de laranja e frigoríficos já sentem os efeitos da medida. Segundo informações, a tarifa pode impactar diretamente a balança comercial e levar a uma recessão em algumas áreas. A recuperação da exportação de carne bovina, por exemplo, tende a diminuir, o que pode gerar impacto no mercado interno e no número de empregos.
Para o CEO da Usaflex, Sérgio Bocayuva, a incerteza é grande. “Estávamos em tratativas finais de preços e volumes, mas agora tudo fica em dúvida. A flexibilidade do Brasil para escoar produções é reduzida, diferente da China, que consegue ajustar custos para manter a competitividade”, afirmou.
Reações e estratégias brasileiras
O governo brasileiro avalia uma possível resposta, incluindo a ameaça de que o Brasil possa quebrar patentes em reação às tarifas de Trump. Segundo fontes do governo, a expectativa é de que, se o Brasil adotar a reciprocidade, muitos produtos ficarão inviáveis de importar, o que pode aumentar custos e prejudicar o comércio bilateral.
Empresas como a CCM, fabricante de fraldas, já planejam estratégias para contornar a tarifa, como antecipar embarques de matéria-prima dos EUA, especialmente polpa de celulose, que é um insumo de alto custo no setor de higiene.
Impacto na economia e no mercado de trabalho
Especialistas alertam que o aumento de tarifas pode reduzir exportações brasileiras para os EUA, principalmente de produtos como carne bovina, e impulsionar a busca por mercados alternativas, como China, Oriente Médio e Ásia. O pecuarista Sidney Sanches Zamora Filho destaca que a tarifa representa uma redução do volume exportado e uma necessidade de ampliar a diversificação de destinos.
Economistas também alertam que essa guerra comercial aumenta custos, fragiliza a recuperação econômica e ameaça o crescimento. Milton Bigucci Junior, da MBigucci, lembra que a escalada de tarifas aumenta a inflação e prejudica o mercado imobiliário e outros setores, reforçando a necessidade de uma solução diplomática.
Perspectivas futuras e alternativas
O cenário de incerteza leva empresas a reforçar sua produção e buscar novos mercados para evitar impactos negativos duradouros. Segundo o CEO da Jacto, Carlos Daniel Haushahn, há potencial de ampliação do mercado na China, África e Índia. “Diversificar os destinos é fundamental para reduzir os riscos de dependência de um único mercado”, afirmou.
O impacto das tarifas também se reflete na política internacional, com o presidente Lula afirmando que irá à OMC caso não haja uma solução diplomática, enquanto ameaças de quebra de patentes e retaliation reforçam a instabilidade nas relações comerciais entre Brasil e EUA.
Mais detalhes sobre o cenário e as possíveis consequências podem ser conferidos na matéria completa no O Globo.